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Quilombolas ganham direito a propriedade de senzalas em Quissamã

A comunidade quilombola da Fazenda Machadinha, em Quissamã, no Norte Fluminense, conquistou nesta quinta-feira (25/09) a posse definitiva da antiga senzala da Fazenda, atualmente ocupada por 42 famílias de descendentes de escravos. Foi publicado no diário oficial o decreto do prefeito Armando Carneiro, regulamentado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que determina o procedimento para reconhecer as terras e os imóveis ocupados pelos quilombolas. Machadinha já era reconhecida como comunidade remanescente de quilombos pela Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura.

Em julho deste ano, o ministro Edson Santos representou o presidente da República durante solenidade de reinauguração do Conjunto Arquitetônico da Fazenda Machadinha. A Fazenda, que teve seu auge durante o ciclo da cana-de-açúcar, guarda o único grupo remanescente de senzalas do Brasil. Embora a Casa Grande esteja em ruínas, as senzalas nunca deixaram de servir de moradia para os descendentes de escravos. Recentemente, a Prefeitura Municipal de Quissamã desapropriou a Fazenda e investiu quase R$ 5 milhões de recursos próprios na restauração do complexo arquitetônico – que ainda comporta o antigo armazém, a bicentenária Igreja de Nossa Senhora do Desterro (1833) e a cavalariça, transformada em centro cultural. A restauração utilizou principalmente a mão-de-obra local.

Na fazenda foi construída ainda a primeira escola pública de horário integral do município. A rede escolar de Quissamã, de acordo com a secretária de Educação Isabel Pessanha, tem todos os seus 350 educadores capacitados para aplicar a Lei nº 10.639/2003, que institui o ensino de “História da África e dos Negros no Brasil” nas escolas brasileiras.

A comunidade que se formou ao redor da casa grande da Fazenda Machadinha é hoje um dos grupos mais tradicionais de Quissamã. Seus habitantes, que já se encontram na oitava geração dos antigos escravos ou colonos da fazenda, vivem nos mesmos locais onde moravam seus antepassados. O grupo resistiu ao tempo, mantendo a tradição ancestral nas danças de Fado, Jongo, na culinária típica e na manifestação folclórica do Boi Malhadinho.

Kissama O povo kissama vive em Angola, nas proximidades de Luanda, e sempre resistiu aos portugueses. Por conta desta resistência, foram poucos os kissamas trazidos para o Brasil na época da escravidão, mas alguns chegaram ao norte fluminense, dando nome a Quissamã, município criado em 1989.

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