Encontro Cultural vai levar suas atividades ao povoado quilombola de Mussuca
Encontro Cultural, a grande festa do baixo Cotinguiba
Considerada uma cidade turística, Laranjeiras está localizada há 23 quilômetros da capital, pela BR 101 e se destaca, tanto por sua arquitetura que revela o áureo ciclo da cana-de-açúcar e o conseqüente período escravocrata, quanto pela efervescência cultural oriunda justamente das manifestações populares, contrárias aos ditames que caracterizaram nossa colonização.
Motivos mais que suficiente para comemorações, além de ser denominada como um museu à céu aberto pelo então ministro Jarbas Passarinho, a cidade de Laranjeiras será destaque no cenário nacional mais uma vez, no período de 3 a 6 de janeiro, com a realização do seu XXXIII Encontro Cultural.
Na atual versão o evento que congrega estudiosos, visitantes, pesquisadores e artistas populares em torno de questões pertinentes às manifestações de raiz, traz um diferencial que por si só já vale todo o investimento dos órgãos de cultura. Trata-se da extensão do encontro com atividades programadas para o povoado Mussuca, onde ainda reside uma expressiva comunidade quilombola.
A idéia de abrir oficialmente os estudos onde habitam quilombolas é, para o professor e Secretário da Cultura Luiz Alberto, bastante significativa, uma vez que atesta o interesse da entidade em valorizar as manifestações populares preservando-as em suas origens.
Os quilombolas começaram a ter uma maior visibilidade a partir de 2003 quando entrou em discussão no Brasil aquilo que já é preceito legal na Constituição de 1988. Então, na nossa discussão de política cultural, acompanhando o Plano Nacional de Cultura que está sendo encaminhado para o Congresso Nacional, incluímos os quilombolas. É oportuno que neste momento iniciemos o Encontro Cultural pela Mussuca, por ela ser emblemática. Há também o Mucambo, no município de Porto da Folha. Trata-se de dois quilombolas referenciais no Estado. E considerando que estamos na trigésima terceira versão do encontro, vimos que o tema se enquadra perfeitamente bem nesse momento histórico pelo qual passa o Brasil. Além disso, atendemos a uma reivindicação da comunidade negra de Sergipe e particularmente do movimento articulado na cidade de Laranjeiras onde possuímos o Museu Afro-Brasileiro que é uma das referências em termos de museu afro no Brasil, afirma Luiz Alberto.
Com este tema e comemorando 33 anos de ininterruptas atividades culturais, o Encontro de Laranjeiras figura como um dos mais importantes eventos, voltado para a reflexão de costumes que resistem à modernidade e revelam uma potencialidade criativa e artística bastante característica da nossa formação.
A cidade, em festa, revela-se durante o evento aos seus habitantes e visitantes. Diversos espaços são freqüentados com maior assiduidade como é o caso dos Museus Afro, de Arte Sacra e a Casa de Cultura João Ribeiro. Mantidos pela Secretaria de Estado da Cultura eles reabrem suas portas no dia 3, funcionando especialmente durante o XXXIII Encontro, das 9 às 18 horas.
A cidade
Laranjeiras teve sua colonização iniciada no final do século XVI, após a conquista de Sergipe por Cristóvão de Barros. A presença dos padres jesuítas na região, em fins do século XVII, teve grande influência na colonização e religiosidade. A cidade fixa-se às margens do riacho São Pedro, local onde foi erguida a primeira residência dos jesuítas; inaugurada em 1701, foi denominado Retiro. Em anexo à antiga residência foi erguida a Igreja de Santo Antônio e Nossa Senhora das Neves.
Em 1731, os jesuítas inauguraram a segunda residência em Laranjeiras e, em 1734, é concluída a obra da Igreja de Comandaroba. Hoje, um dos mais importantes monumentos arquitetônicos do Estado.
O desenvolvimento econômico acontece com a chegada da cana-de-açúcar, cujo cultivo ocupa as margens férteis do rio Cotinguiba, atraindo comerciantes de várias partes do Estado. Na época existiam muitas laranjeiras no local, dando origem ao nome da cidade que, no século XVIII, com o ciclo de cana-de-açúcar chegou ao apogeu financeiro.
Antes pertencente a Socorro, Laranjeiras é elevada em 1832 à categoria de vila, devido ao grande desenvolvimento e vida social intensa. Em 1836 é designada como primeira alfândega de Sergipe, por sua importância como grande centro comercial e exportador. Em 1848 passa à categoria de cidade.
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