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Seminário discute papel das mulheres em assentamentos e quilombos

Mulheres têm papel essencial na renda dos assentamentos

E dos quilombos também. Esta é uma conclusão inequívoca do seminário realizado pelo Itesp com mais de 169 mulheres assentadas e quilombolas, em duas reuniões realizadas na semana passada para discutir o papel da mulher na viabilização das políticas públicas, nos projetos e no planejamento nos lotes de reforma agrária.

O primeiro aconteceu em Presidente Prudente, no Oeste paulista, o contou com a participação de 100 assentadas do Pontal do Paranapanema. O segundo foi realizado do outro lado do Estado, em Pariquera-Açú, no Vale do Ribeira, Sul do Estado, e teve a participação de 60 mulheres quilombolas. Ambos com recursos da Secretaria da Agricultura Familiar – SAF, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os dois encontros, batizados de seminário Tempo de Aprender: Oficinas de Autonomia, integraram o Programa de Formação Continuada de Apoio à Organização e Gênero, do Pronaf, executado desde 2004 com mulheres quilombolas e assentadas.

As mulheres avaliaram o programa, apresentaram resultados e trocaram experiências. O Itesp encerra este programa, mas as ações de fortalecimento e promoção da igualdade de gênero serão continuadas, com foco na capacitação e apoio à comercialização dos produtos dos grupos de mulheres organizados, afirma a gerente de Formação, Pesquisa e Acervo, Márcia Regina Andrade.

O seminário demonstrou a elevação da auto-estima, auto-confiança e maior segurança das mulheres quilombolas do Vale do Ribeira, diz Iara Rossi, coordenadora do programa na regional Sul. O programa fortaleceu as atividades produtivas específicas para as mulheres e os laços com quilombolas de outras comunidades, completa o coordenador regional Sul, Renato Cabelo. Entre as experiências ali apresentadas, Marta Maria Silveira, coordenadora geral do programa, destaca a produção de pão das quilombolas de Morro Seco, a oficina de corte e costura de Mandira e o viveiro de palmito juçara, do quilombo André Lopes.

Um caminho para bem-sucedidas experiências

Os resultados do programa são significativos. Nas comunidades, o trabalho com o bicho da seda renda cerca de R$ 600 por mês, a produção de mel chega perto disso e a horticultura atinge R$ 1.000, tudo com a intensiva participação feminina.

Na região do Pontal do Paranapanema foram trabalhados três temas centrais – políticas públicas, formação de liderança e planejamento e gestão –, por meio de oficinas teóricas, seguidas de atividades práticas, desenvolvidas pelas próprias representantes dos assentamentos no interior das comunidades. Antes da primeira oficina, foram realizadas reuniões com toda comunidade em 99 assentamentos, para a indicação das participantes do programa.

Ao todo foram realizadas 30 oficinas, com grupos de 20 a 30 pessoas, com mobilização de mulheres de assentamentos de Mirante do Paranapanema, Teodoro Sampaio, Rosana, Euclides da Cunha, Rancharia, Martinópolis, Presidente Bernardes, Presidente Venceslau, Ribeirão dos Índios, Piquerobi, Marabá Paulista e Tupi Paulista, Presidente Epitácio e Caiuá.

Ao longo do programa, participaram mais de 250 mulheres assentadas vindas de 15 municípios, além de 25 técnicos do Itesp. Segundo Eliane de Jesus Teixeira Mazzini, coordenadora regional do programa no Pontal, entre as principais demandas surgidas estão: Apoio e incentivo para obter mais linhas de créditos, cursos de marketing e propaganda e feiras de comercialização para dar visibilidade ao trabalho dos assentamentos.

No total, 10 experiências das assentadas foram apresentadas durante o seminário. Sobre a pecuária leiteira, abordou-se a importância do piquetiamento e do melhoramento do rebanho. De Rosana surgiu um exemplo de lote diversificado, do assentamento Bonanza, com auto-suficiência alimentar. Além desses, os destaques ficaram com horticultura – com projetos de Presidente Epitácio, Caiuá e Euclides da Cunha – e bicho da seda, que mereceu uma série de questionamentos, da produção à comercialização dos casulos, tanto em Mirante do Paranapanema quanto em Euclides da Cunha.

Outros temas relevantes encantaram a platéia do Pontal do Paranapanema. O projeto do urucum, abordado pela assentada e vereadora Maria Nazaré da Silva Montemor, do assentamento Santana, em Mirante do Paranapanema, despertou enorme interesse. A experiência sobre turismo rural, envolvendo os assentamentos Água Limpa e Rodeio, no município de Presidente Bernardes, inclui café da manhã, trilha ecológica, passeio de barco, almoço, visita à roça, pomar, ordenha e até mesmo uma cavalgada de integração com participantes de vários assentamentos da região, que já virou tradição no mês de julho.

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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