Comunidade dos Arturos festeja a preservação de suas raízes africanas
A Comunidade quilombola dos Arturos convida a todos para sua festa de Nossa Senhora do Rosário nos próximos dias 06, 07 e 08 de outubro, em Contagem – MG
Nos dias 06, 07 e 08 de outubro acontece, na Comunidade dos Arturos, o momento nobre da Festa do Rosário, que se iniciou no dia 22 deste mês. Uma festa centenária que tem por objetivo a preservação das raízes africanas, que se iniciou ainda quando a comunidade vinha da Mata do Macuco, Distrito de Esmeraldas, e realizava a festa em Contagem. A tradição foi guiada pelo pai Arthur Camilo Silvério, que para os mais velhos, deixou aos seus descendentes as raízes firmes e profundas de uma sólida árvore familiar construída a partir de seu casamento com Carmelinda Maria da Silva.
Desde o dia 22 estão sendo realizados os festejos de “Nossa Senhora do Rosário”, em Contagem, pela Comunidade dos Arturos, juntamente com os reis festeiros Erisvaldo Pereira dos Santos e Yone Maria Gonzaga, conforme programação anexa.
O grande momento da festa são os três dias em que toda a comunidade se mobiliza para receber guardas visitantes e cumprir com suas promessas e rituais estabelecidos.
Nos dias, considerados principais, a comunidade preparou uma confraternização com as guardas convidadas, cumprimento das promessas, procissão, a missa conga e o almoço que norteia o encontro das guardas visitantes para a continuidade dos festejos na comunidade.
O evento é encerrado na segunda-feira, com uma grande festa e para o diretor de eventos da Irmandade Nossa Senhora do Rosário, Jorge Antônio dos Santos, a realização desta festividade é de grande importância para a comunidade, porque preserva a cultura trazida da África pelos nossos ancestrais, cultura esta que é ligada ao sagrado, ao religioso, afirma.
A PREPARAÇÃO
Envolve toda a comunidade e o apoio da equipe da coordenadoria de cultural de Contagem, além das comunidades vizinhas, São cerca de 40 pessoas só na preparação da alimentação, servindo café da manhã, na escola próxima a Igreja, aonde acontece a procissão e a missa conga, na comunidade terão dois locais diferentes servindo o almoço, na casa Paterna, e na casa do Patriarca e Capitão Mor da Comunidade, Senhor Mário Braz da Luz.
A preparação já acontece há três meses da programação da festa e a preservação da tradição cultural da comunidade é o principal objetivo, são realizadas reuniões e encontros para dividir as funções dos familiares.
EXPOSIÇÃO
“Tarilelê” – Heber Bezerra – Fotografias Tarilelê, um recorte de musicalidade presente nos rituais dos Arturos, norteia esta mostra de imagens também recortadas em texturas, cores e sombras. No silêncio de cada imagem está impregnada a vibração dos tambores, são os Arturos em momentos de pura elevação religiosa.
Abertura: 03 de outubro de 2007 – 19 horas
Exposição: de 04 a 31 de outubro
Local: Casa de Cultura de Contagem – Rua Dr. Cassiano, 130 – Centro – Contagem
Informações: (31) 3352-5347
Visitação de segunda à sexta – das 9 às 17h – sáb. dom. e feriados – das 9 às 21h
SERVIÇO:
Festa “Nossa Senhora do Rosário” – Arturos – anexa programação completa
Data: de 6 a 8 de outubro de 2007
Local: Comunidade dos Arturos – Rua da Capelinha, nº. 50 – Contagem Assessoria de Imprensa – Jardim Produções – Geovana Jardim – 31-9243-2575 Jorge Antônio dos Santos – Diretor de Eventos da Comunidade – 31-9182-4413 José Bonifácio – Presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário –
31-9193-2336
Comunidade Negra dos Arturos
A Comunidade Negra dos Arturos tem sua origem ligada à história de Arthur Camilo Silvério, filho de escravo, nascido em torno de 1885, cujo nome tornou-se autodenominação de seus descendentes. O grupo familiar habita uma propriedade particular, numa área de 6,5 hectares a dois quilômetros e meio do centro da cidade de Contagem. Arthur viveu o sofrimento de um tempo ainda marcado pela escravidão. Ao se casar com Carmelinda, determinou para si mesmo que iria criar seus filhos – tiveram onze – unidos em torno da família e da fé em Nossa Senhora do Rosário. Por volta da década de quarenta, a família passa a ocupar o terreno em Contagem – herança de seu pai Camilo Silvério – onde vive hoje a comunidade formada por mais de quarenta famílias compostas por seus descendentes – os Arturos – mantendo vivos os ensinamentos e a lembrança do pais, avós, bisavós e tetravós Arthur e Carmelinda. O grupo mantém, assim, importantes tradições da cultura negra brasileira, transmitidas de pai para filho, dentre elas o batuque, a festa do João do Mato da capina, a Folia de Reis, além de aspectos da culinária e do modo de organização da vida comunitária e, sobretudo, a vivência do sagrado, representada pela celebração do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, o Congado. O Congado dos Arturos está vinculado à Irmandade de Contagem, cujo primeiro estatuto data de 1868, sendo a comunidade considerada uma das mais importantes e tradicionais de Minas e do país. O filho mais velho de Arthur – Geraldo Arthur Camilo – é o atual Rei Congo do estado de Minas Gerais, eleito pela Federação dos Congadeiros do Estado de Minas Gerais. Devido à sua importância no cenário mineiro, a Comunidade dos Arturos vem sendo, nas últimas décadas, um campo de aprendizagem para várias pesquisas acadêmicas extensas, em áreas diversificadas, tendo sido gerados livros publicados, teses e dissertações de doutorado e mestrado, ensaios fotográficos e produções em vídeo. Além disso, a comunidade tem sido citada em obras mais abrangentes da literatura afro-brasileira, e vem merecendo várias reportagens na mídia escrita, falada e televisada, bem como na Internet.
CD-livro: Cantando e Reinando com os Arturos Trabalho realizado no ano de 2006, que pretende difundir e promover o reconhecimento público de uma das mais expressivas culturas musicais de tradição popular afro-brasileira praticadas no estado de Minas Gerais. Uma vez que os critérios de seleção do material do CD-livro foram determinados pelos próprios integrantes da comunidade, seu conteúdo constitui um retrato abrangente do universo congadeiro dos Arturos, a partir de sua própria concepção e julgamento quanto ao que é relevante e significativo, e quanto ao que pode ou deve ser divulgado. Visa contribuir para a auto-valorização e auto-estima do grupo, tanto em função deles próprios, os idealizadores e coordenadores do processo, quanto em função da repercussão interna e externa. O CD-livro é um importante recurso de memória para a comunidade, a partir de seus referenciais, como também uma complementação ao aprendizado das novas gerações nos processos de transmissão de saberes. Pensa em possíveis desdobramentos provenientes da repercussão da divulgação do CD, seja de iniciativa interna ou externa à comunidade. A mobilização em torno do trabalho, já despertou o interesse de realizarem, posteriormente, um outro CD contendo o repertório de suas outras tradições musicais (Batuque, Folia de Reis, João do Mato, etc.)
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