Ambientalistas classificam Gerson Camata como “embaixador do capital”
Um parlamentar inútil e superado e embaixador do capital. E, ainda, um político inconseqüente. Esses são alguns dos qualificativos atribuídos ao senador Gerson Camata (PMDB) que é contrário às demandas dos excluídos, como índios e quilombolas e contra a preservação do litoral capixaba, por combater a criação do Refúgio de Vida Silvestre (Revis) de Santa Cruz.
Os qualificativos são dos ambientalistas Freddy Montenegro Guimarães, presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), e Luiz Cláudio Ribeiro, da Associação dos Amigos do Piraquê-açu (Amip).
Para Freddy Guimarães, Gerson Camata é senador vitalício, identificado com os interesses capitalistas ou, como se dizia até pouco, com os interesses da direita. Ora defende, ora ataca, sem coerência. Defende um projeto, a seguir é contra, como no caso da criação do Revis de Santa Cruz e da APA Costa das Algas.
Lembrou o ambientalista que as últimas manifestações do senador Gerson Camata sobre os índios e quilombolas, condenando o resgate histórico das demandas destes excluídos, podem ser por sua crônica incoerência. Mas poderia ser pagamento do apoio das transnacionais, na forma de financiamento de campanhas eleitorais, diz o ambientalista. Freddy Guimarães finalizada dizendo que o senador Gerson Camata é anti-ambientalista.
Já Luiz Cláudio Ribeiro entende que para a população do Espírito Santo, o senador Camata é um parlamentar inútil e superado, que nunca apresentou projetos de interesse realmente público nos seus cerca de 40 anos de mandato político.
Acrescenta que ele é um símbolo da mediocridade da representação parlamentar do Espírito Santo na atualidade. Não é à toa que ele coordena uma bancada federal totalmente alienada da realidade dos problemas da nossa população, e comprometida em manter-se no poder atráves da prestação de serviços parlamentares para corporações empresariais com interesse em terras, concessões públicas e recursos naturais no território capixaba.
O ambientalista da Amip assinala ainda que o o senador Camata faz política com argumentos que só reforçam a baixa credibilidade nos meios políticos sérios, como esse de que as ONGs ambientalistas que propõem as unidades marinhas federais de Santa Cruz recebem dinheiro de concorrentes internacionais para atrapalharem os negócios das grandes empresas que estão no Espírito Santo. Depois que começou a espalhar essa pérola de imaginação e leviandade levou um chá de cadeira da ministra Dilma Roussef.
Lembra Luiz Cláudio Ribeiro que o fato é que o senador Camata não atua sozinho: ele cumpre uma estratégia de vedar a participação dos movimentos sociais organizados nas decisões governamentais e de impedir a aplicação de leis de direitos civis recentemente aprovadas, tudo para viabilizar a implantação de grandes plantas industriais no Espírito Santo.
E cita o caso do licenciamento do parque siderúrgico em Anchieta – comprometendo os interesses da população daquela região capixaba – e a definição das áreas que receberão as lavouras de cana para produção de álcool e etanol, além dos licenciamentos de petróleo e de expansão da Aracruz Celulose e seu parque químico/área plantada).
Aponta que vários são os sinais dessa estratégia de tornar a sociedade civil invisível: os ambientalistas não são ambientalistas; os cientistas (mesmo os professores da Ufes) não têm seus estudos e teses reconhecidos a não ser quando são usados nos pseudo Eia/Rima dos licenciamentos.
Luiz Carlos Ribeiro segue o seu pensamento: agora, tentam protelar a criação das Unidades de Conservação marinhas alegando que querem contratar gente gaúcha para dizer se o mar no Espírito Santo deve ser conservado ou liberado para dragagem do fundo pois não reconhecem estudos de doutores da Ufes, da USP, UFRJ, etc. E que, os índios não são índios; os quilombolas não são quilombolas; e que não há impactos negativos decorrentes de grandes projetos industriais.
Aponta que a outra faceta da mesma estratégia de barrar a participação da sociedade civil. Se manifesta: na profusão descontrolada de anúncios de investimentos industriais feitos a cada dia pelos jornais para confundir a opinião popular e criar um ilusão ufanista sobre o futuro e uma falsa idéia sobre a criação de empregos na economia local; na estratégia de marketing voltada para criar uma popularidade do governador Paulo Hartung baseada numa imagem artificial de austeridade e efeciência técnica do governo.
Tal postura se manifesta ainda no bloqueio das críticas e opiniões não-alinhadas vindas da sociedade civil organizada (já que a oposição parlamentar é nula); em não permitir que a agenda global da sustentabilidade (aquecimento global/emissão de gases do efeito estufa, elevação do nível dos oceanos, assentamentos humanos, extinção de espécies, crescimento da miséria, etc.) proposta pela ONU contamine o ambiente de negócios no estado do Espírito Santo e os interesses dos políticos e partidos (isso explica a atuação da Amunes hospedada dentro do edifício-sede da Findes e tanto a Amunes quanto o MEESAção se fazendo passar por sociedade civil para impor a agenda política e econômica do Espírito Santo).
Contundente, o ambientalista aponta ainda que tal estratégia é baseada na na quase-nula iniciativa do Ministério Público Estadual e Federal na proposição de ações que corrijam as distorções existentes; (em nível local) na nomeação viciada dos conselhos municipais de Anchieta, feita às escondidas pelo prefeito da cidade com pessoas de seu controle, excluindo a participação de entidades do município com relevantes trabalhos nos conselhos regionais e estadual de meio ambiente e em outros fóruns; na composição antidemocrática da comissão instituída pelo Iema que vai preparar o termo de referência e o decreto do Zoneamento Ecológico-Econômico do território do Espírito Santo.
Lembra, ao final, que nesta terça-feira (2), às 13 horas, na Assembléia Legislativa, haverá mais uma tentativa de abortar a criação das unidades de conservação federais de Santa Cruz e impedir a implementação de uma política pública de conservação dos recursos marinhos no Espírito Santo, em conformidade com os padrões internacionais de desenvolvimento sustentável.
< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>