Quilombolas aprendem como criar projetos
Por Jony Torres
Lideranças de 64 comunidades quilombolas baianas encerraram ontem em Salvador, um encontro onde ficaram sabendo como devem proceder para definir e elaborar projetos de desenvolvimento sustentável. A iniciativa da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), é uma tentativa de usar da melhor forma possível, parte dos R$4 bilhões destinados por Brasília, para o saneamento básico em todo o Brasil, através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Mesmo sem saber quanto desta verba será destinada ao estado, os projetos devem ser executados até 2010 e vão atingir 129 comunidades, das 215 existentes na Bahia e reconhecidas pela Fundação Palmares. Ao menos R$2,4 milhões devem chegar a estas áreas remanescentes de quilombos. Na primeira fase, R$700 mil vão ser destinados para a regularização no abastecimento de água e mais R$400 mil irão financiar obras de infra-estrutura de saneamento, como a construção de fossas sépticas.
“São boas notícias, mas tenho medo, pois elas vão demorar para chegar ao nosso povo. Esperamos há três séculos por ajuda e agora a paciência acabou”, afirmou João Martins dos Santos, um dos líderes da comunidade da Lagoa da Paixão, na zona rural do município de Seabra, na Chapada Diamantina. No local vivem 192 famílias que sobrevivem da produção de subsistência de milho, feijão e mandioca. “A gente come o que planta e compra o restante dos alimentos com o dinheiro da aposentadoria dos mais velhos”, acrescenta João. Uma das ações que pretendem diminuir o uso político destas obras é entregar o sistema de abastecimento de água implantado pelo governo do estado para ser administrado pelos próprios quilombolas.
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