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Quilombolas da Bacia do São Francisco denunciam Ministério da Integração

Cerca de 400 lideranças de Comunidades Quilombolas da Bacia do São Francisco reuniram-se nos dias 07 e 08/08/07 na Ilha de Assunção, território do Povo Truká em Cabrobó-PE, para discutir o projeto de transposição, analisar os principais impactos em suas comunidades e buscar alternativas de luta e resistência. Ao debater o projeto e suas reais intenções, as lideranças observaram que o projeto de transposição mexe com os territórios tradicionais, degrada o meio ambiente, compromete o Velho Chico e a sobrevivência das populações em seu entorno, acarretará na perca de terras e água. Além disso, o projeto é pautado na mentira, camufla seu real objetivo que é de levar água para os grandes projetos de exportação. Trás o discurso da seca e da redenção. Levantaram-se as preocupações com o custo desta água e o processo de discriminação que vem ocorrendo na região do Setentrional com as pessoas que se posicionam contrarias a obra. Existe muita perseguição com a gente que já  entendemos que essa obra só vai trazer sofrimento para nosso povo. Disse seu Severino do Quilombo Araçá em Mirandiba-PE.

A maior preocupação debatida tratou-se dos depoimentos apresentados à cerca da presença do Ministério da Integração nessas comunidades. Dez comunidades dos Municípios de Salgueiro, Mirandiba, Cabrobó e Orocó serão atingidas caso o canal da transposição seja feito. Foram unânimes os depoimentos:

1. O MI chega na comunidade ou na sede do município através da prefeitura;

2. Avisa que a comunidade terá casa, banheiro, telefone publico, posto se saúde, escola, estradas e água;

3. E por ultimo, comunica que tudo só será possível se tiver transposição;

4. Todos assinam atas confirmando as necessidades e a concordância com o projeto.

As lideranças debateram propostas de enfrentamento a essas questões, encaminhando as seguintes ações:

1. Realização de reuniões e debates de formação e sensibilização às comunidades, escolas, etc. principalmente nas áreas onde o MI já passou;

2. Publicação da Carta Quilombola, reafirmando a posição contraria à obra e o projeto que nós queremos – a revitalização verdadeira;

3. Ação junto ao Ministério Público Federal (6º. Câmara) contra a postura do Ministério da Integração nas áreas Quilombolas, anexar dossiê da forma como o MI vem tratando as comunidades;

4. Mobilizações: reforçar as lutas nos canteiros de obra, reforçar a luta dos indígenas;

5. Participar das Articulações Popular em Defesa do São Francisco e participar enquanto CONAQ da Via Campesina.

6. Comunicação: intensificar a Campanha contra Transposição com cartazes e panfletos; 7. Construir o projeto de revitalização que nós queremos: agilização nos processos de demarcação dos territórios quilombolas, resgate da cultura, acesso aos direitos: saúde, educação contextualizada, previdência, inclusão da juventude, alternativas de renda, rio e afluentes revitalizados, etc.

Cabrobó, Ilha de Assunção do Povo Truká, 07 e 08/08/07

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