Quilombolas de todo o país vão se reunir no Sapê do Norte
Por ser a terceira área quilombola mais impactada do País, o Sapê do Norte sediará nos dias 27, 28 e 29 de julho próximo o Encontro Nacional da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas (Conaq). Ao todo serão mais de 50 representantes de todo o País, que virão ao Estado conhecer os quilombolas que vivem ilhados por eucaliptos no norte do Estado.
A intenção dos participantes, segundo o quilombola Domingos Firmiano, que é do Sapê do Norte e também faz parte da Conaq, é conhecer a realidade das comunidades do Espírito Santo que vivem ilhadas nos eucaliptais.
Além da dificuldade de sustentar a comunidade devido à degradação em suas terras, os quilombolas já denunciaram à Conaq atos como os dos fazendeiros e da Aracruz Celulose. Segundo as comunidades, os fazendeiros vêm buscando levantar a comunidade contra os negros através dos meios de comunicação da região. Eles Já se reuniram publicamente e discutiram estratégias para lançar a comunidade contra os quilombolas.
O Sapê do Norte é um território formado por Conceição da Barra e São Mateus.
Além da realidade das comunidades, os participantes deverão debater políticas públicas. Entre elas, o projeto de decreto legislativo que susta a aplicação do decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o artigo 68 da Constituição Federal.
O projeto vem deixando os quilombolas preocupados. O projeto foi proposto pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que é engenheiro agrônomo e foi diretor da empresa Agros Consultoria e Planejamento, e Waldir Neves Barbosa, co-autor e também empresário e produtor rural.
O Sapê do Norte foi ocupado pelos eucaliptais da Aracruz Celulose, entre outras empresas, e fazendeiros. Antes disso, a região abrigava centenas de comunidades na década de 70. Pelo menos 12 mil famílias de quilombolas habitavam o norte do Estado. Atualmente resistem entre os eucaliptais canaviais e pastos cerca de 1,2 mil famílias. Em todo o Espírito Santo existem cerca de 100 comunidades quilombolas.
No total, pertencem aos negros cerca de 50 mil hectares no Estado, que por lei terão que ser devolvidos.
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