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Marambaia no Jornal Nacional

Marinha disputa a Restinga da Marambaia (RJ) com  quilombolas

Uma área de proteção ambiental no litoral sul do Rio de Janeiro está sendo  disputada por descendentes de escravos e pela Marinha. Os moradores pedem que a  região seja declarada remanescente de quilombo. Os militares reconhecem alguns  direitos, mas querem impor limites.

São 40 minutos de barco, do cais de Itacuruçá, litoral sul do estado do Rio,  até a ilha. Marambaia – cerco do mar, na língua tupi – é o nome da restinga que  avança 42 quilômetros no oceano. A ponta sul é chamada de ilha por causa dos  morros cobertos de mata atlântica. Em 1856, o comendador Joaquim José Breves,  produtor de café e negociante de escravos comprou a ilha. 

Um ano depois da abolição dos escravos, em 1889, o dono da fazenda morreu. A  produção de café foi abandonada. As pessoas que moravam aqui e seus descendentes  passaram a viver quase que exclusivamente da pesca.  

Muitos descentes de escravos permaneceram na ilha. Continuam vivendo como no  século XIX: em casas de taipa, sem energia elétrica.

O comendador deixou a Marambaia em testamento para a mulher, que vendeu a  propriedade para uma empresa. A União comprou a Marambaia no início do século  passado e cedeu a área à Marinha.

Depois de 30 anos, o governo Vargas tirou a Marinha e instalou na área uma  escola de pesca: 600 jovens passaram a morar na ilha e se uniram às famílias dos  descendentes de escravos. 

A Marinha voltou a ocupar a ilha na década de 70, montou um centro de  treinamento e passou a proibir ampliações nas casas.  

Há nove anos, os moradores entraram com um processo na Fundação Palmares, do  Governo Federal, para obter o reconhecimento como quilombo e com uma ação na  Justiça para conseguir o título da terra.

O Incra – Instituto Nacional de Reforma Agrária – cadastrou 1046 pessoas como  pertencentes à comunidade. Mas a marinha só reconhece 379 moradores. Existe uma  única entrada na ilha que é o nosso cais. E nós controlamos quem entra na ilha e  fazemos isso há décadas. Nossa proposta seria regularizar a situação atualmente  existente de moradias, ou seja: a área efetivamente por eles ocupada, afirma o  capitão Alexandre Barreto de Mattos.

Mas é justamente essa área que os moradores querem ampliar. Com filhos, netos  e bisnetos, o espaço ficou pequeno. Como é que eu posso querer botar quatro  famílias dentro de uma parede só, num cômodo, não posso, reclama a moradora  Luzia Julião Alves. Como vai ficar tudo amontoadinho, um em cima do outro? Nós  não somos favelados diz outra moradora, Margarida Julião.

Foi o antropólogo José Mauricio Arruti quem recomendou à Fundação Palmares a  área de 2/3 da ilha para a comunidade. Ela precisa ter acesso ás fontes dágua,  ela precisa ter acesso a uma terra que seja agricultável. Então, boa parte que  está sendo dito que é uma reivindicada pela comunidade na verdade é de Rocha.  

A Marinha não concorda em ceder toda essa terra. A gente sabe que com a  presença da Marinha a área é preservada, a área está intacta, agora a gente tem  dúvidas se a comunidade teria o poder de polícia pra preservar a área  também.

O Incra decidiu fazer um novo estudo sobre a ilha da Marambaia. Por hora,  permanece a dúvida: quantos são os quilombolas e o tamanho da área a que eles  têm direito.

Link para o vídeo da matéria:

Marinha e descendentes de escravos disputam área no Rio

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