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Quilombolas discutiram Comunicação no norte do Estado

Foi realizada neste final de semana (28 e 29) a III Escola Quilombola de Educação Política e Ambiental, na comunidade de Angelim I, em Conceição da Barra. Na comunidade, foram realizados oficinas, debates, mostras de filmes, entre outras atividades. Uma mesa de debates sobre a comunicação através das palavras e imagens também foi realizada no evento.

Houve também oficinas sobre o conhecimento dos meios de comunicação, suas técnicas e estratégias e publicidade empresarial, com o objetivo de analisar o que elas trazem para a luta quilombola.Os quilombolas vivem ilhados entre os eucaliptos no norte do Estado e lutam há anos pela titulação de terras que estão em poder de fazendeiros e da Aracruz Celulose. Nesta luta, eles consideram importante conhecer as estratégias de comunicação, uma vez que são vítimas freqüentes de manobras da empresa.
Nos últimos meses, por exemplo, foi denunciado o racismo contra as comunidades quilombolas. Através de rádios e outros meios de comunicação, os negros foram criticados com palavras racistas como: Querem voltar ao tempo do quitungo, do candomblé e das parteiras; Os negros não estão preparados para a alta capacidade do agronegócio; Quem está acostumado a trabalhar como empregado não sabe ser patrão e Daqui a 50 anos não haverá mais negros em São Mateus.


O fato já foi denunciado ao Incra, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), 6ª Câmara do Ministério Público Federal (MPF), Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e Fundação Palmares, entre outros órgãos.


Os territórios quilombolas devem ser devolvidos aos negros por força do Artigo 68 da Constituição Federal e do decreto que o regulamenta. Ao Incra cabe devolver os territórios quilombolas, segundo a legislação.


O território quilombola de Sapê do Norte está sendo recriado e será formado pelos municípios de Conceição da Barra e São Mateus. Nessa região há acordo entre os fazendeiros e a Aracruz Celulose, principal ocupante das terras quilombolas, visando a colocar a comunidade contra os quilombolas, assim como foi feito com os Tupinikim e Guarani no início do ano, também pela Aracruz Celulose.


A transnacional também ocupa terra indígena. Mais de onze mil hectares de terras que estão em poder da empresa são comprovadamente indígenas, mas o processo para devolução das terras aos índios se encontra parado na Fundação Nacional do Índio depois de ficar meses parado, também, no Ministério da Justiça.


Essa é a terceira vez que é realizado o evento com as comunidades quilombolas. Desta vez, uma muda de árvore nativa será entregue aos participantes como símbolo de resistência e protesto contra a destruição da mata atlântica promovido pela Aracruz Celulose.

 

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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