Quilombolas ocupam Gerência Regional da Aracruz Celulose
Aracruz não se manifesta e quilombolas ocupam a Gerência Regional
Flávia Bernardes
Cerca de 180 catadores de resíduos das comunidades quilombolas do norte do Estado ocuparam, na manhã desta sexta-feira (23), a Gerência Regional da Aracruz Celulose, em Conceição da Barra. Eles cobram uma resposta da empresa e afirmam que não deixarão o local sem que o convênio seja retomado. A empresa, que contou com o Batalhão de Choque da PM para escoltar a retirada de máquinas da unidade de corte 328, onde os manifestantes estavam havia três dias, é acusada de quebrar o convênio feito com os quilombolas. Este convênio daria garantia à comunidade para ela retirar um caminhão de restos de eucalipto a cada 60 dias para o seu sustento. Segundo os quilombolas, isso não vem acontecendo e a empresa está retirando os resíduos, deixando apenas gravetos muito finos para serem coletados pela comunidade. No convênio estava estipulado que os gravetos tinham que ter no mínimo sete centímetros de diâmetro. Neste contexto, desde esta terça-feira (22) cerca de 300 quilombolas se revezam na manifestação contra a Aracruz Celulose. Com a transferência da manifestação para a Gerência Regional da transnacional, estão no local agentes integrantes do Batalhão de Choque, um contingente da Polícia Militar e membros da Polícia Rodoviária Estdual, além da representante da Fundação Palmares, Maria Bernadete. Até o fechamento desta edição, os quilombolas permaneciam no local e o clima era de tranqüilidade. Eles ressaltam que a manifestação é apenas uma forma de pressionar a empresa a se posicionar, já que inúmeros documentos pedindo reuniões foram protocolados, inclusive no escritório da empresa, em São Paulo. O convênio entre as partes existe há quatro anos e os quilombolas lucravam em média R$ 300 a cada dois meses com a cata de resíduos. Eles lembram que sem os resíduos as comunidades começam a passar necessidades, pois não possuem mais terras para plantar. Estas comunidades estão em luta para recuperar o seu território no Espírito Santo, o que é assegurado pelo Decreto 4887/2003. Além da Aracruz Celulose, empresas que produzem açúcar e álcool e fazendeiros ocupam o território quilombola no Estado. Com isso, as comunidades não têm terra para plantar e acabam trabalhando na cata de resíduos de eucalipto para a obtenção de carvão.
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