Quilombolas realizam Encontro em Itapecuru
Quilombolas realizam Encontro em Itapecuru a partir desta quinta
SÃO LUÍS – O município de Itapecuru vai sediar de quinta (21) até domingo (24), o VIII Encontro Estadual de Comunidades Quilombolas do Maranhão.
Cerca de 2 mil representantes de comunidades quilombolas, além da presença da ministra Matilde Ribeiro, da Seppir. O evento servirá também para homenagear o líder da Balaiada Negro Cosme, morto em 20 de setembro de 1842. Serão realizados debates sobre políticas públicas, além de anúncio de novos projetos que beneficiarão diretamente mais de cinco mil quilombolas moradores de comunidades situadas em Itapecuru.
Os projetos anunciados durante o evento serão implantados pela ACONERUQ – Associação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão, por meio de parcerias nacionais com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, e parceria local com a Prefeitura Municipal de Itapecuru-Mirim.
A Caixa realizará o projeto pioneiro “Habitação em Comunidades Quilombolas”, financiando a construção de 108 casas em três comunidades quilombolas do município de Itapecuru: Santa Joana, Santa Maria dos Pretos e Cantagalo.
O Banco do Brasil financiará o “Projeto Negro Cosme de apoio ao desenvolvimento sustentável dos territórios quilombolas” com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de 10 comunidades negras rurais quilombolas do município de Itapecuru, gerando trabalho e renda para suas famílias através da implementação de melhorias nos processos de industrialização e comercialização da produção de mandioca e de arroz.
História
O VIII Encontro Estadual de Comunidades Negras do Maranhão o resgata protagonismo de Negro Cosme na revolta da Balaiada e seu embate com Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro, que resultou na morte de Cosme em Itapecuru.
Itapecuru foi palco da Balaiada onde se enfrentaram duas importantes personagens da história do Brasil, Duque de Caxias e Negro Cosme. Desse embate surgiram dois mitos nacionais: o patrono do Exército e o líder negro revolucionário.
Como nasceram os mitos de Negro Cosme e Duque de Caxias?
Desde 1830, bem antes da eclosão da Balaiada, Cosme Bento das Chagas, ou Negro Cosme, como era mais conhecido, já comandava a luta contra o regime de escravidão, reunindo negros fugitivos e invadindo fazendas para libertar os que ainda estavam escravizados. Em seu quilombo principal, o maior da história do Maranhão – situado em Lagoa Amarela -, o Negro Cosme, que era alfabetizado, chegou a inaugurar uma escola de primeiras letras.
A união dos aquilombados com os balaios levou pânico aos coronéis e à ordem escravista brasileira. Negro Cosme liderou cerca de 3 mil homens e teve como seu inimigo principal o Duque de Caxias.
Em fevereiro de 1841, Negro Cosme enfrentou sua última peleja contras as tropas do coronel Luís Alves de Lima e Silva, quando foi ferido e preso. Condenado à morte, em 20 de setembro de 1842 foi levado à forca, em praça pública, no município de Itapecuru Mirim (MA). Ao vencer a guerra da Balaiada, o coronel Luís Alves de Lima e Silva foi condecorado, passando a utilizar o título de Duque de Caxias, e se tornou patrono do exército brasileiro. O nome do Duque está presente em placas de ruas e avenidas espalhadas pelo Brasil. Em Itapecuru foi erguido o Memorial Negro Cosme.
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