RS – Agricultura negra e quilombola em destaque
Agricultura negra e quilombola em destaque no final de semana
As formas como as comunidades de negros atuam na agricultura no estado do Rio Grande do Sul estarão em debate durante o Seminário Nacional de Agricultura Negra e Quilombola, que ocorre em Porto Alegre neste final de semana, 26 e 27 de agosto, no auditório da Igreja Pompéia (Rua Barros Cassal, 220). Sessenta comunidades quilombolas devem participar do encontro.
O objetivo do seminário é projetar as possibilidades das comunidades quilombolas rurais. Os negros quilombolas estão espalhados por todas as regiões do Rio Grande do Sul, formando um conjunto de 120 comunidades já reconhecidas por laudos antropológicos e que mantêm uma diversidade de interação com a paisagem agrícola, seja na Serra, no Planalto, no Litoral ou na Região Sul.
Revitalização agrícola
A agricultura quilombola tem sido praticamente de subsistência e secundária na dieta alimentar das comunidades no estado. A atividade agrícola dos quilombolas ainda não lhes assegura renda suficiente nem independência. Trabalhando fora de suas propriedades, eles têm tempo escasso para se dedicar ao plantio próprio e acabam comprando alimentos básicos. São geralmente agricultores descapitalizados, com terras depauperadas e fracas.
Porém, essa realidade vem sendo alterada nos últimos tempos. São os casos, por exemplo, das comunidades de Limoeiro (em Palmares do Sul), Teixeiras e Casca (no município de Mostardas). Na primeira, desde 1999, o plantio do arroz ecológico é uma prática reconhecida e multiplicada na região. Os agricultores quilombolas estão aplicando técnicas sem veneno nas plantações e escolhendo qual é a de melhor adaptação à sua cultura – como a utilização tanto de peixes como de marrecos no cultivo do arroz.
Há também o desenvolvimento de tecnologias originais. Os quilombolas utilizam emas para a limpeza de terrenos e para o manejo do solo. Outra técnica é o uso do bambu para quebra-vento como divisor de áreas. Eles também fazem piquetes com taquara, áreas de roçado e alguns utilitários.
Nas outras duas comunidades, em Mostardas, a produção do artesanato da lã de ovelha já tem reconhecimento nacional. Por uma característica de solo, muito rico em sílica, a lã mostardense tem maior resistência e maciez. Esse trabalho envolve famílias quilombolas num sistema coletivo de divisão de tarefas, entre tosquia, cardagem e confecção das peças. Há, ainda, o uso de tinturas através de elementos naturais, como casca de cebola, carqueja, marcela e erva-mate.
Principais temas
Entre os principais temas que serão abordados no seminário, destacam-se: Sementes e Religiosidade – Cosmovisão Africana; Agricultura Negra no Brasil e no Rio Grande do Sul; História da Agricultura Negra; Populações Tradicionais e Organização Mundial do Comércio (OMC); Reciprocidade; O Sistema em Rede de Circulação de Mercadorias; O Pioneirismo no Cultivo de Arroz no Brasil; Projeto Oriza Glabérrima – o Arroz Africano. Também haverá a troca de experiências regionais em diversos tipos de agricultura.
Está prevista, ainda, mostra de artesanato quilombola, exposição fotográfica das comunidades e feirinha de produtos, além de programação cultural com apresentação artística de coral, dança e música. O seminário é organizado pela Federação das Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul e pelo Núcleo de Ecologia e Agriculturas da Guayí, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Comissão de Agricultura e Cooperativismo da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, do Núcleo de Economia Alternativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Projeto Compras Coletivas – Quilombolas em Rede e da EMREDE.
Seminário Nacional de Agricultura Negra e Quilombola
Data: 26 e 27 de agosto de 2006
Local: Auditório da Igreja Pompéia (Rua Barros Cassal, 220) – Porto Alegre RS
Mais informações: www.incra.gov.br
Assessoria de Comunicação Social – Seppir / PR
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