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Safra perdida é cobrada no Ibama

Descendentes de escravos moram em Praia Grande

Por Gustavo Jaimea

Ampliação de terras para plantio de sustento motivou, ontem, uma viagem de cerca de 300 quilômetros das pessoas da comunidade quilombola de São Roque, na Praia Grande, no do Estado, até Florianópolis. Os descendentes de escravos foram ao Ibama reclamar as safras perdidas por causa de impedimentos criados pelo órgão. A área, localizada na comunidade da Pedra Branca, abrange 8 mil hectares e comporta 27 famílias.

Segundo a coordenadora da Associação dos Remanescentes do Quilombo de São Roque, Maria Rita dos Santos, a liberdade de trabalho e a condição de sobrevivência foram retiradas pelo Ibama. – A comunidade está ansiosa porque não tem o que comer e desesperada porque não tem mais a quem recorrer – explicou Maria Rita. O agricultor Nereu Luis Santos de Lima, 57 anos, sentiu no bolso a restrição. Ele recebeu uma multa de R$ 6 mil por cultivar milho, feijão e abóbora em seu terreno – que comprou por R$ 5 mil.

Moradores estão no espaço desde 1824
Marlene Padilha também sofre com as dificuldades. A mulher, de 46 anos, herdou o lugar do bisavô e hoje não sabe o que fazer para sobreviver. Até para instalar energia elétrica é preciso aval do Ibama. As famílias estão no espaço desde 1824. Na década de 70, o órgão ambiental declarou as terras como parque ecológico. Os nativos começaram, então, a enfrentar problemas no cultivo das sementes. – O Ibama não deixa cortar o mato que cresce quando é feito rodízio na plantação, a área é cada vez mais reduzida – disse Vanda Pinedo, do Movimento Unificado dos Negros. A partir de 2003, o espaço dos quilombolas foi regulamentado e os seus direitos passaram a constar no papel. De acordo com Vanda, a lei do meio ambiente diz que a comunidade tem de ter respeitados o modo de ser, viver e de produzir. – As pessoas não entendem que não são eles que estão no parque. É o contrário: o parque tomou o espaço dos quilombolas.
Contraponto: O que diz a superintendente substituta do Ibama, Ana Lúcia Rocha

Segundo Ana Lúcia Rocha, foi aberto um processo administrativo com base nos documentos apresentados pela comunidade quilombola de São Roque – um abaixo-assinado anexado à ata de uma reunião de 2004 com o procurador de Criciúma. O documento será encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente, em Brasília. A superintendente substituta explicou ainda que o parque é de responsabilidade do Ibama do Rio Grande do Sul e que o órgão local não tem como resolver a questão

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