Educação Quilombola é tema deseminário estadual
Florianópolis – A secretária da Educação, Ciência e Tecnologia, Elisabete Anderle, abre na sexta-feira (19), às 9 horas, no auditório da Secretaria, o 1º Seminário Estadual de Educação Quilombola. O objetivo é discutir medidas para a elaboração de uma proposta de educação fundamentada nos princípios e valores dos remanescentes de Quilombo. O evento é resultado de debates entre educadores e da mobilização do Movimento Negro Unificado de Santa Catarina (MNU).
Às 10h15min será proferida uma palestra sobre o histórico e a realidade das comunidades quilombolas. Durante a tarde será apresentado e discutido o Projeto de Educação Quilombola, proposto pela Secretaria da Educação e pelo MNU. Participam do seminário representantes de cinco Gerências Regionais de Educação, Ciência e Tecnologia de Campos Novos, Ibirama, Itajaí e Laguna; representantes da Ufsc, Udesc, Acafe , Undime do CEE, Núcleo de Ensino Negro, Ministério Público, Cepa, Amab e Unegro.
Também foram convidados os secretários municipais de educação de Paulo Lopes, Praia Grande, Porto Belo, Campos Novos, Garopaba e José Boiteux. Os secretários representam municípios onde estão localizados os quilombos da Toca, São Roque, Sertão do Valongo, Invernada dos Negros, Aldeia Campo D’Uma, Morro do Fortunato e Quilombo Cafusos de José Boiteux.
A coordenadora, Maria Benedita Prim, ressalta que o projeto propõe uma escola diferenciada com uma prática voltada para a reconstrução da identidade dos quilombolas que os identifique como membros de um grupo restrito de valores compartilhados, reforçando o seu grupo étnico. “Na cultura negra a transmissão de conhecimentos se dá de forma direta, dinâmica, coletiva, intergrupal e participativa. Enquanto que no ensino regular, que tem como base a cultura européia, a transmissão do conhecimento acontece através da ênfase na comunicação escrita, onde o tempo está demarcado pelo ano letivo e pela individualidade”, explica.
Em Santa Catarina existem mais de 100 comunidades remanescentes de quilombo, sendo apenas três certificadas e as demais em processo de auto-definição. Em todo o Brasil são mais de mil, sendo que das 743 comunidades reconhecidas, apenas 29 têm o título definitivo da terra, documento fundamental para a construção de uma escola pública. Desconhece-se o número de alunos, mas sabe-se que a maioria dos adultos é analfabeta e que assim como as crianças e os adolescentes necessitam de um programa educacional.
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