Moçambicanos visitam Grupo de Mulheres do Quilombo Kalunga
Moçambicanos conhecem experiências de trabalhadoras rurais do Brasil
O Programa de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia (Ppigre) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Unidade de Gênero do Ministério da Agricultura de Moçambique estão realizando um intercâmbio para que um grupo de técnicos e técnicas daquele país conheça os resultados das políticas para as mulheres trabalhadoras rurais no Brasil. Os moçambicanos estão visitando esta semana algumas experiências produtivas das agricultoras familiares no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul. Eles verão também o Grupo de Mulheres do Quilombo Kalunga, em Goiás, no próximo dia 22.
“Nossa grande expectativa é ver como se implementam ações de gênero na prática, no contexto das trabalhadoras rurais, pois queremos levar essas lições para o nosso país”, explica Zilda Massango, coordenadora da Unidade de Gênero do Ministério da Agricultura de Moçambique. No Rio Grande do Norte, parte da comitiva conhecerá a organização e produção de hortaliças e picles do grupo “Decididas a Vencer”, em Mossoró; a apicultura, o beneficiamento de mel e a experiência com o Pronaf Mulher do grupo “Amigas das Abelhas”, do Projeto de Assentamento Milagres, em Apodi; e o beneficiamento do caju para a produção de mel, licor, rapadura e cocada do grupo de mulheres do Projeto de Assentamento Areias, em Governador Dix-Sept Rosado. Em Mossoró, os visitantes participarão também do Encontro Estadual de Agroecologia.
Agroindústrias no RS
Outra parte do grupo conhecerá no Rio Grande do Sul duas agroindústrias. A primeira delas, no município de Antônio Prado, onde mulheres trabalham com fitoterápicos e desidratação de frutas (banana e maçã). A segunda, a Novo Citrus, em Pareci Novo, onde são produzidos sucos de tangerina e geléias. No dia 22, os estrangeiros ainda devem conferir a produção de doces (mamão, abóbora, cajuí) do Grupo de Mulheres do Quilombo Kalunga, em Goiás. Eles se reunirão também com uma equipe da Embrapa Vegetal, no Distrito Federal.
Segundo Zilda, cerca de 70% da população de Moçambique está na área rural e, desse universo, 60% são mulheres que desenvolvem a agricultura de subsistência. “Queremos conhecer políticas favoráveis que possam ser desenvolvidas para que a mulher rural tenha a oportunidade de vender seu excedente de produção pois há, por exemplo, muito desperdício de frutas em nosso país”, ela diz.
A Unidade de Gênero do Ministério da Agricultura de Moçambique foi criada em 1998, no âmbito da elaboração do Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário (Proagri), e tem como um de seus objetivos orientar e apoiar associações para que elas possam se legalizar e, a partir daí, ter a chance de buscar créditos e recursos. Essa unidade é constituída por uma equipe de várias áreas do Ministério da Agricultura daquele país, como o Instituto do Caju e o Instituto do Fomento Agrário, entre outras.
Cooperação permanente
O MDA, através do Ppigre, tem promovido ações internacionais para a institucionalização de políticas para as mulheres no âmbito da agricultura familiar e da reforma agrária. “A visita da missão da Unidade de Gênero do Ministério da Agricultura de Moçambique consolida iniciativas anteriores para o intercâmbio na área com aquele país e dá concretude às resoluções da última conferência internacional da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) sobre reforma agrária e desenvolvimento sustentável. Reforça uma estratégia do Governo Federal de cooperação com os países africanos. Essa agenda abre caminhos para uma cooperação de caráter mais permanente”, avalia Andréa Butto, coordenadora do Ppigre.
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