Comunidade negra dá posse a conselheiros
O Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Guarujá vai diplomar amanhã os 40 conselheiros eleitos em janeiro. A cerimônia está agendada para às 19h30, no Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais, em Vicente de Carvalho, e também servirá para que a comunidade negra preste uma homenagem a 40 militantes e ativistas que trabalham pela igualdade racial no Brasil. Depois de 20 anos de luta, finalmente conseguimos instalar o conselho, que é uma ferramenta pública para levar à sociedade os direitos, deveres e as leis que muita gente desconhece, disse o presidente do conselho, Edílson Lopes de Oliveira. Apesar do otimismo com a instalação do órgão, Oliveira reconhece que há muito trabalho de conscientização a ser feito, inclusive junto aos políticos para fazer valer a lei federal que determina o ensino da história e da cultura dos afrodescentes nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Da Europa, você sabe quem foram Napoleão Bonaparte e Alexandre, o Grande, mas ninguém sabe quem foi a Princesa Ginga, uma negra que lutou contra a invasão dos portugueses no continente africano, explicou o conselheiro Marcos Antonio Costa, conhecido como Ogan Marcão. Marcão afirmou que o conselho já remeteu ofício ao secretário Municipal de Educação, Mohamad Ali Abdul Rahim, no sentido de mostrar a importância de um trabalho de capacitação dos professores da rede municipal para que eles possam transmitir esses conhecimentos para os alunos. A lei já está em vigor há três anos, observou Oliveira. Os representantes da comunidade negra também trabalham para convencer o prefeito Farid Madi a criar a coordenadoria no organograma da Prefeitura para que o Município possa receber verbas específicas para programas referentes aos negros e provenientes de órgãos ligados ao Governo Federal, como a Secretaria Especial de Promoção das Políticas de Igualdade Racial e o Ministério da Educação. Outra preocupação do Conselho Municipal é reunir a maior quantidade de informações sobre a comunidade negra em Guarujá, estimada em cerca de 120 mil pessoas. Para tanto, a idéia é promover um censo no segundo semestre.Membros O conselho é formado por 20 membros efetivos e mais 20 suplentes, representantes da comunidade e do Poder Público. O órgão foi criado pelo prefeito Farid Madi, que assinou a Lei 3.232, de autoria do vereador Mário Lúcio da Conceição. Atualmente, os conselheiros estão divididos em câmaras temáticas, que discutem, estudam e pesquisam temas nas áreas de saúde e educação. No primeiro tópico, Oliveira usa como exemplo a busca por informações referentes à anemia falciforme, doença comum em afrodescendentes. Há, ainda, a intenção de criar uma terceira câmara temática, que abordaria a religião. Segundo Oliveira, muitas religiões têm origem na cultura negra e, dentro deste contexto, seriam discutidos trabalhos ou até mesmo festividades para os adeptos. A festa de Iemanjá é um bom exemplo de evento religioso ligado à cultura afro, exemplificou Ogan Marcão. A escolha da data é uma alusão ao dia 13 de maio, quando se comemora a abolição da escravatura. Oliveira explicou que, como a data coincide com um sábado, o conselho preferiu realizar a solenidade no dia anterior.
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