Relatório do Incra sobre Marambaia será concluído em breve
Incra conclui documento que define território de comunidade quilombola de Marambaia no Rio
16:57
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio – O relatório técnico de identificação e delimitação do território ocupado pela comunidade quilombola na Ilha da Marambaia, no município de Mangaratiba, no litoral sul do Rio de Janeiro, será concluído até a próxima semana. A informação foi dada hoje (27) pelo superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado, Mário Lúcio Melo Junior.
O documento, elaborado pelo instituto, é uma das principais fases do procedimento administrativo para conferir o título de propriedade das 300 famílias que ocupam a área há 150 anos.
Segundo o superintendente do Incra, a principal questão que envolve a titularidade é a presença da Marinha no local, que desde a década de 1970 mantém uma base de fuzileiros navais na ilha. “A Marinha acha que a área, que o relatório estudou como sendo de ocupação útil da comunidade, é muito grande. Nós discordamos, o relatório estabelece um estudo dentro de fundamentos científicos”, afirmou.
No total, o relatório delimitou cerca de 1,5 mil hectares, que, segundo o superintendente do Incra no Rio, representa menos que um terço da área total da ilha. “Eventualmente, a Marinha usa toda a ilha para fazer treinamento dos militares. Ela avisa quando isso vai acontecer e a comunidade evita sair para respeitar os espaços utilizados”, disse.
Segundo a presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia (Arquimar), Vânia Guerra, a titularidade resolveria boa parte dos problemas que a comunidade enfrenta. “A gente fica isolado aqui. Quando tem treinamento da Marinha a gente nem pode sair para pescar”, afirmou a representante da comunidade. Para ela, os quilombolas da região precisam ter o território demarcado porque chegaram na região muito antes do início das atividades da Marinha.
As comunidades quilombolas são formadas por descendentes dos escravos. Os quilombolas que ocupam a Ilha da Marambaia foram trazidos da África e abandonados no local por um cafeicultor da região sul, que fazia tráfico de negros. Os remanescentes vivem principalmente da pesca e da agricultura de subsistência.
< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>