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Assembléia Legislativa apóia Via Campesina

Via Campesina no RS terá apoio do Direitos Humanos da Ales

Flávia Bernardes
Um ato com o objetivo de apoiar as mulheres da Via Campesina no Rio de Grande do Sul (RS) será realizado pelo Fórum de Mulheres e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (AL) nesta quarta-feira, às 18h. O debate tem o tema: “Via Campesina e o 8 de março: A mulher como protagonista da História”.

A idéia do ato, segundo a Comissão de Direitos Humanos, é também denunciar a perseguição que a mídia nacional, do Rio Grande do Sul e da Aracruz Celulose estão promovendo sobre o ato ocorrido no dia 8 de março deste ano.

Na ocasião – Dia Internacional da Mulher -, em protesto contra a monocultura do eucalipto promovida pela Aracruz Celulose na região, camponesas destruíram mudas do centro de pesquisa da empresa naquele estado.

Segundo a Via Campesina, algumas denúncias apresentadas até o momento contra o ato, inclusive do Ministério Público do Rio Grande do Sul, são infundadas. Em uma nota à imprensa, a Via Campesina ressalta que tais denúncias visam a “responder a pressão dos meios de comunicação, patrocinados pela Aracruz, em especial o Grupo RBS, que têm agido sistematicamente de modo a criminalizar e a perseguir os movimentos sociais do Rio Grande do Sul”.

O movimento lembra ainda que irá provar o descabimento das denúncias contra as camponesas e espera, ao menos, que o Poder Judiciário se paute através do interesse público e não pela pressão das grandes empresas e da imprensa.

Na nota a Via Campesina cobra tanto do Ministério Público do Rio Grande do Sul, quanto do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia – onde também ocorrem os desertos verdes -, para que estes demonstrem a mesma agilidade para apurar os verdadeiros crimes cometidos pela empresa Aracruz Celulose, como as agressões aos índios, quilombolas e camponeses, assim como por desrespeito à legislação ambiental e pelos efeitos nocivos à biodiversidade e aos recursos hídricos das regiões onde se instala.

Segundo a nota, a Aracruz Celulose será julgada no Tribunal Internacional dos Povos às Transnacionais Européias e ao Sistema de Poder das Corporações na América Latina e Caribe, evento da sociedade civil que será realizado em Viena, na Áustria, de 10 a 13 de maio.

Os comprovados efeitos nocivos da monocultura foi também o motivo que levou o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul a pedir à Justiça que impeça o plantio de eucalipto no Parque Nacional da Lagoa do Peixe.

A Via Campesina do Rio Grande do Sul demonstrou assim sua disposição em lutar contra as monoculturas de eucalipto, da mesma forma que sempre lutou contra outras monoculturas predatórias ao meio ambiente, à vida dos trabalhadores do campo e à saúde da população.

“Onde o deserto verde avança a biodiversidade é destruída, os solos deterioram, os rios secam, sem contar a enorme poluição gerada pelas fábricas de celulose que contaminam o ar, as águas, e ameaçam a saúde humana. A ação das mulheres da Via Campesina, realizada no Dia Internacional da Mulher, será um marco para as futuras gerações na defesa da vida na Terra”, afirma a nota.

O documento é assinado pela Via Campesina do Rio Grande do Sul, recebe apoio ainda do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento de Mulheres Camponesas, Comissão Pastoral da Terra, Pastoral da Juventude Rural e da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil.

Conheça o teor da nota:
VIA CAMPESINA DO RIO GRANDE DO SUL
NOTA À IMPRENSA SOBRE A DENÚNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL
A respeito da denúncia apresentada pelo Ministério Público nesta segunda-feira, em razão da ação das mulheres da Via Campesina no dia 8 de março, contra a empresa Aracruz, a Via Campesina do Rio Grande do Sul tem a dizer o seguinte:
1. A denúncia apresentada pelo Ministério Público é baseada em suposições do promotor e não tem base jurídica. São denúncias infundadas que visam a responder à pressão dos meios de comunicação, patrocinados pela Aracruz, em especial o Grupo RBS, que têm agido sistematicamente de modo a criminalizar e a perseguir os movimentos sociais do Rio Grande do Sul. Em juízo, com tranqüilidade, a Via Campesina irá provar o descabimento das denúncias e espera que o Poder Judiciário se paute mais pelo interesse público do que pela pressão das grandes empresas e da grande imprensa.

2. A Via Campesina do Rio Grande do Sul reafirma sua disposição em lutar contra as monoculturas de eucalipto, da mesma forma que sempre lutou contra outras monoculturas predatórias ao meio-ambiente, à vida dos trabalhadores do campo e à saúde da população. Não somos contra a ciência, mas temos clareza que toda ciência tem por trás um projeto político. Por isso, somos contra os desertos verdes, as enormes plantações de eucalipto, acácia e pinus para celulose, que cobrem milhares de hectares no Brasil e na América Latina. Onde o deserto verde avança a biodiversidade é destruída, os solos deterioram, os rios secam, sem contar a enorme poluição gerada pelas fábricas de celulose que contaminam o ar, as águas e ameaçam a saúde humana. A ação das mulheres da Via Campesina, realizada no Dia Internacional da Mulher, será um marco para as futuras gerações na defesa da vida na Terra.
3. Esperamos que o Ministério Público do Rio Grande do Sul, assim como nos Estados de Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, demonstrem a mesma agilidade em apurar os verdadeiros crimes cometidos pela empresa Aracruz, por agressão aos povos indígenas, quilombolas e camponeses, por desrespeito à legislação ambiental e pelos efeitos nocivos sobre a biodiversidade e os recursos hídricos das regiões onde se instala. Esta mesma empresa será julgada no Tribunal Internacional dos Povos às Transnacionais Européias e ao Sistema de Poder das Corporações na América Latina e Caribe, evento da sociedade civil que será realizado em Viena (Áustria), de 10 a 13 de maio. Lembramos que o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul acaba de pedir à Justiça que impeça o plantio de eucalipto no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, por conta dos comprovados efeitos nocivos provocados por esta monocultura.
Aproveitamos para divulgar o manifesto em apoio às mulheres da Via Campesina que está rodando o mundo inteiro e vem recebendo diversas assinaturas de personalidades, intelectuais, artistas e representantes de movimentos sociais.
VIA CAMPESINA DO RIO GRANDE DO SUL

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Movimento dos Pequenos Agricultores
Movimento dos Atingidos por Barragens
Movimento de Mulheres Camponesas
Comissão Pastoral da Terra
Pastoral da Juventude Rural
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil

GLOBALIZEMOS A LUTA! GLOBALIZEMOS A ESPERANÇA!

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