Quilombolas aderem a projeto para repovoar palmito juçara
Repovoamento do palmito juçara ganha a adesão de comunidades
Mutirão da comunidade quilombola de Galvão, no Vale do Ribeira, semeia meia tonelada de semente de palmito juçara e marca a ampliação do projeto de repovoamento de uma das espécies da Mata Atlântica mais ameaçadas de extinção.
No dia 31 de março, foi realizado na comunidade quilombola de Galvão, localizada no município de Eldorado, no Vale do Ribeira, região sul de São Paulo, o primeiro mutirão de repovoamento do palmiteiro juçara (espécie Euterpe Edulis). Foram semeados 500 quilos de sementes numa área de cerca de 100 hectares. Esta atividade já vem sendo realizada há dois anos na comunidade quilombola de Ivaporunduva, no mesmo Vale do Ribeira, e o repovoamento em Galvão marca a ampliação do trabalho para mais 14 comunidades da região.
As sementes utilizadas no mutirão foram colhidas em quintais agro-florestais na comunidade quilombola de Sapatu, na mesma região. O palmiteiro juçara é uma das espécies mais exploradas da Mata Atlântica e seu extrativismo indiscriminado colocou a espécie em ameaça de extinção. Sua exploração configurou-se numa das principais fontes de trabalho e renda nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, mas a diminuição drástica da população natural do palmito e a proibição da extração predatória tornaram a atividade cada vez mais impraticável pelos quilombolas, sendo o repovoamento uma das
saídas para um futuro plano de manejo sustentável. A produção de juçara só é permitida por meio de planos de manejo sustentável, cujo primeiro passo é o repovoamento da espécie.
O mutirão na comunidade de Galvão iniciou-se as sete horas da manhã, quando os sacos contento as sementes de juçara foram colocados nos burros. Em seguida o grupo, formado por 15 pessoas – principalmente jovens da comunidade -, iniciou o percurso em em uma trilha íngrime e barrenta, no interior da mata. Após uma hora e meia de caminhada, o grupo chegou ao local onde as sementes seriam distribuídas em sacos menores para que todos os participantes entrassem mato a dentro para espalhar as sementes.
O mutirão terminou com um jantar para toda a comunidade realizado no centro comunitário. Outros mutirões estão programados para acontecer até meados de maio, em um projeto financiado pelo PDA-Mata Atlântica, em parceria com o Instituto de Terras do estado de São Paulo, Instituto Florestal e Fundação Florestal, também do estado de São Paulo.
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