• (21) 3042-6445
  • comunica@koinonia.org.br
  • Rua Santo Amaro, 129 - RJ

Antropóloga nega período da escravidão na Marambaia diante dequilombolas

Durante sua palestra no III Simpósio Técnico-Científico sobre a Marambaia, organizado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a antropóloga Nanci Vieira deixou uma grande lacuna ao refazer a história da região. Ela falou do período em que franceses e portugueses disputaram o domínio da ilha, dos índios que lá habitavam, e deu um salto de 1856 até o tempo em que a Fundação Cristo Redentor se instalou na área, em 1927. Dessa forma, ignorou completamente a época de escravidão – alegando, inclusive, que nunca existiram as senzalas – e deliberadamente omitiu a figura do comendador Breves, poderoso senhor do café, e dos escravos trazidos por ele da África para passarem por um período na ilha até recuperarem as forças e trabalharem em suas fazendas.

Carregando uma faixa em que reafirmavam sua existência enquanto remanescentes de quilombo (denominação comprovada pelo laudo antropológico, cuja versão resumida está disponível no Observatório Quilombola www.koinonia.org.br/oq/pdfs/LAUDO.pdf), cerca de 20 quilombolas ouviram a explanação inconformados. Adriano de Lima, representante da comunidade, pediu a palavra, contestando a professora. A sua fala foi complementada pelo antropólogo Fábio Reis Mota e pela Profa. Luciana Amorim, participante do Simpósio, ambos apresentando argumentos que contradiziam a história contada pela Profa. Nanci.

“Aconteceu o que já prevíamos, a Profa. Nanci Vieira ignorou o período da escravidão. Deu ênfase aos períodos anteriores, em que, segundo ela, existiam apenas índios naquele local. (…) Felizmente, a Profa. Luciana Amorim se disse surpresa com essa lacuna deixada por ela e contrariou vários de seus argumentos, deixando claro que a comunidade não é a vilã na história”, relatou Adriano.

Segundos os quilombolas, houve também o pronunciamento de um representante da Marinha, que disse não ser do interesse da mesma tirar os moradores da Ilha e sim contribuir para o bem estar da comunidade.

De todos os argumentos colocados até hoje contra a presença dos quilombolas na Ilha, o da Profa. Nanci é o mais assustador, ao querer apagá-los do mapa, negando que algum dia existiram.

Amanhã, dia 22, é o encerramento do Simpósio, e os moradores estarão presentes com a faixa e distribuindo panfletos.

Para mais detalhes sobre o caso, acesse o Dossiê Marambaia (www.koinonia.org.br/oq/home_dossie1.htm) e as notícias mais recentes:

20/03/2006
RJ – Quilombolas ocupam Seminário na Universidade Federal Rural
24/02/2006
RJ – Lula deve passar carnaval no Rio
17/02/2006
RJ – Justiça autoriza Incra a entrar na Marambaia
03/02/2006
RJ – Denúncia sobre violação de direitos das comunidades quilombolas na ilha da Marambaia
01/02/2006
RJ – UFRRJ lança livro sobre a restinga da Marambaia
20/12/2005
RJ – Marinha impede Incra de seguir com regularização da Ilha da Marambaia
13/09/2005
RJ – Curso sobre regularização fundiária para Marambaia
13/09/2005
RJ – Quilombolas reivindicam direitos em Marambaia
15/07/2005
RJ – Órgãos do governo se reúnem para iniciar regularização de terras na Marambaia
11/07/2005
RJ – Denúncias sobre restrições da Marinha na Marambaia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo