RN – Pesquisadora da UFRN se sente ameaçada
Pesquisadora se sente ameaçada
As ameaças sofridas pelos quilombolas de Sibaúma também estão relatadas em ofício da professora Julie Antoinette Cavignac, do Departamento de Antropologia da UFRN . Ela e uma equipe estão responsáveis pela elaboração de um relatório sobre a comunidade. Esse relatório representa uma das fases (que irá até junho) necessárias para a titulação das terras. No ofício, encaminhado em 8 de fevereiro ao procurador-chefe da República, Marcelo Alves de Souza, a professora comenta que ‘vários moradores relataram episódios em que lideranças quilombolas foram ameaçadas verbalmente e que pessoas de respeito foram intimidadas, como por exemplo no caso da impossibilidade do livre acesso ao rio Catu para tomarem banho ou lavarem roupa’.
Indo mais além, a professora ressaltou, após pesquisa de campo realizada em 19 de janeiro, a presença de ‘estranhos à comunidade, empreendedores brasileiros e estrangeiros com obras iniciadas na orla marítima e na vila, a reforçar a idéia falsa, difundida amplamente na comunidade, de que o progresso só pode chegar de fora, com os estrangeiros’. Ao final, Julie Cavignac se diz preocupada com sua segurança e de sua equipe para realizar o trabalho antropológico, e pede instalação de posto policial no local (o posto de polícia ainda não foi instalado).
A luta dos cerca de 1.200 negros quilombolas de Sibaúma é para a titulação de 12 quilômetros quadrados de terra, com crescente valorização imobiliária. A área é definida por laudos técnicos como ‘riquíssima’ para o plantio. Lá, se encontra o mar, rios, roçado (ou Paul, como chamam), matas, dunas e planícies. A revista Rnimoveis, fez uma previsão para o local: ‘O turismo vai modificar Sibaúma, com a chegada de uma rodovia, que vai fazer sua ligação com a Pipa e uma ponte sobre o rio Catú, deixará muito próxima a Barra de Cunhaú. Dentro de dois anos, toda Sibaúma vai mudar, com novos hotéis e restaurantes já programados, permanecendo apenas na memória dos seus antigos moradores, os velhos tempos em que era considerada apenas uma praia deserta’.
< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>