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Sibaúma pede socorro!

A comunidade de remanescentes quilombolas de Sibaúma, localizada no município de Tibau do Sul, litoral sul do Rio Grande do Norte pede ajuda!

Sibaúma é uma praia paradisíaca, vizinha da Pipa, antiga vila de pescadores internacionalmente conhecida, onde investidores estrangeiros já expulsaram os nativos e instalaram pousadas, restaurantes e lojas de luxo. Sibaúma agora está na mira da especulação imobiliária, dos latifundiários e dos criadores de camarão inescrupulosos.

A titulação das terras da comunidade quilombola é o único meio para frear este avanço brutal e inaceitável. Este processo tornará os nativos donos da sua terra [1]: uma vez tituladas, as terras não mais poderão ser vendidas. Isto, claro, vem contrariar os interesses econômicos dos especuladores!

Sibaúma sofre hoje com inúmeros ataques de agentes externos que tentam manipular a opinião dos quilombolas, colocando-os contra os seus direitos constitucionais.

Sibaúma pede socorro!

Socorro aos órgãos responsáveis, para fazer valer nossos direitos;
Socorro aos que conhecem nossa história, escrita com o sangue dos antepassados, para nos ajudar a divulgar este escândalo;
Nós, que entramos numa luta desigual, que, mesmo perseguidos implacavelmente pelos novos capitães-do-mato, ainda resistimos, com nossas forças quase escassas, sem fugir da batalha, agarrando-nos aos últimos fios de esperança que nos restam, pedimos socorro!
Para aderir a nossa luta: sibaumaquilombola@yahoo.com.br

Breve história de Sibaúma:

Sibaúma é habitada a pelo menos um século e meio por descendentes de escravos fugidos ou forros. Tem uma longa história de lutas em defesa de suas terras: os moradores já foram expulsos duas vezes de suas terras, para onde voltaram “na marra”. Três famílias tradicionais formam o núcleo da comunidade quilombola: os Leandro, os Camilo e os Caetano. A Associação de remanescentes de quilombolas da praia de Sibaúma, instituição representativa local, vem lutando há mais de 10 anos pela retomada de suas terras, que têm sido griladas, devastadas ou vendidas.

Sibaúma, hoje:

O proprietário dos viveiros de camarão proibiu o livre transito dos nativos na margem do rio Catú, lugar de fundamental importância para a comunidade. Os detritos dos viveiros, jogados in natura no rio estão contaminando a água, já não há mais peixes nem caranguejos e o mangue foi destruído para construir os viveiros. Apesar das intervenções e embargos dos órgãos responsáveis (IBAMA e IDEMA), o carcinicultor continua a produção.
Latifundiários também proíbem o livre acesso às matas, impedindo a população de colher os frutos e as plantas, atividade tradicional e necessária para sobrevivência dos nativos.

Investidores internacionais planejam a “Nova Pipa”, um mega investimento que, sob o pretexto da geração de novos empregos (entenda-se novos serviçais), veicula uma falsa idéia de desenvolvimento. Na verdade, o projeto ameaça o ecossistema da região e a sobrevivência dos nativos.

Indivíduos com interesses contrários ao processo de titulação iniciaram uma campanha de desinformação, amedrontando a população e provocando conflitos internos.

A especulação imobiliária avança, e até as dunas estão à venda.

As lideranças quilombolas estão sendo ameaçadas de morte.

Sibaúma, 12/02/2006

Associação de remanescentes de quilombolas da praia de Sibaúma

[1] É um direito garantido na constituição federal através do art.68 do ADTC e regulamentado pelo decreto n° 488-7 de 20/11/2003.

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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