Capixabas no Fórum Mundial: monoculturas esgotam água
Por Ubervalter Coimbra
O esgotamento da água no Espírito Santo, provocado pelas monoculturas do eucalipto, pinus, cana-de-acúçar e pastagens, será denunciado no Fórum Social Mundial (FSM) 2006. Na sua sexta edição, o FSM será policêntrico, e o encontro dos americanos será realizado de 24 a 29 próximos, em Caracas, na Venezuela. O VI FSM também será realizado em Mali (reunindo os africanos) e no Paquistão (para os asiáticos).
Helder Gomes, da coordenação capixaba do FSM, informou nesta quarta-feira (18) que a delegação estadual será pequena, com pouco mais de dez membros já confirmados, em função da distância do evento. Mas há quem esteja indo até de ônibus para a Venezuela e três delegados já estão naquele país.
Os delegados capixabas vão participar das mesas que discutirão os governos latino-americanos e os movimentos sociais no Brasil. Denunciarão, entre outros casos, as questões da reforma agrária, e a situação das populações tradicionais, como os quilombolas e índios, afetados pelas grandes empresas como a Aracruz Celulose, que tomaram e usam suas terras. Neste particular, atuarão os membros da Via Campesina, da qual fazem parte o MST e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Na questão ambiental, os delegados capixabas ao FSM denunciarão o esgotamento da água no Espírito Santo. A água está acabando em função do desmatamento das espécies nativas. Mas também esgotam, e muito, os recursos hídricos as monoculturas do eucalipto, pinus, cana-de-acúçar e pastagens, principalmente. O eucalipto, particularmente, é voraz consumidor de água durante sua fase de crescimento.
Segundo Helder Gomes, os delegados capixabas vão levar denúncias produzidas pela Rede Alerta Contra o Deserto Verde. A rede, com 157 entidades participantes, produziu vários documentos provando que o eucalipto é uma espécie danosa ao meio ambiente, como toda monocultura. Também prejudiciais à sociedade e aos governos, as empresas que plantam estas monoculturas e fazem a industrialização da matéria prima, como a Aracruz Celulose.
O Comitê Capixaba do FSM é formado pelo pelas seguintes organizações: Sindiupes, CUT, Sindibancários, Fisenge, Crea-SE, Adufes, MST, M.P.A., Movimento de Moradia, AA Pedagogia Ufes, Neja-Ufes, Núcleo de Extensão e Pesquisa em Comunicação Social, Sinfrajupe, Projeto “O Sol na Garganta do Futuro”, Sindaema, NEMPS (Ufes), PET-Economia-Ufes, Sindprev-ES, Sindisaúde-ES, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Fórum Estadual de Mulheres.
Os contatos podem ser feitos pelo e-mail coletivocapixaba@uol.com.br
ou pelos telefones (27) 3322 6579/33326637.
O que é o FSM
Os organizadores informam que “o FSM é um espaço de debate democrático de idéias, aprofundamento da reflexão, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ongs e outras organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo. Após o primeiro encontro mundial, realizado em 2001, se configurou como um processo mundial permanente de busca e construção de alternativas às políticas neoliberais”.
E que “o Fórum Social Mundial se caracteriza também pela pluralidade e pela diversidade, tendo um caráter não confessional, não governamental e não partidário. Ele se propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada e em rede, de entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial. O Fórum Social Mundial não é uma entidade nem uma organização”.
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