Evento reúne 13 comunidades quilombolas do estado
Grito Quilombola reúne em Campo Grande comunidades de treze localidades
Berimbaus, capoeira, dança da catira e outras manifestações estarão acontecendo durante o Grito Quilombola, em Campo Grande (MS) na próxima quinta-feira (10). Uma das pistas da Avenida Afonso Pena, entre as ruas Pedro Celestino e Rui Barbosa, será interditada para dar lugar à demonstração da cultura desse segmento da sociedade. O evento é coordenado pela Coordenação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Mato Grosso do Sul (CONERQ) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que será tomado pela alegria afro-brasileira em homenagem ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
O programa completo, denominado Comunidades Quilombolas: Território e Cultura, encerra dia 12. Estarão na capital dezenas de integrantes das 13 comunidades quilombolas espalhadas pelo interior de Mato Grosso do Sul. Além do clima festivo serão discutidos assuntos como o Decreto 4887, de 2003 que delegou ao Incra a tarefa de titular as áreas pertencentes às comunidades quilombolas do País e assegurar que tenham terras para sobreviverem enquanto grupo social e cultural.
Para obterem o título legal das terras, essas comunidades devem obedecer a uma série de trâmites. O primeiro passo é que o grupo esteja organizado em associação e se declare remanescente de quilombo junto à Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura. A partir daí, o Incra aciona 17 ministérios que garantem um verdadeiro elenco de benefícios, desde acesso à água potável à educação, desenvolvimento sustentável e cultura.
O Grito Quilombola acontece depois pesquisas de campo e esforço concentrado na aproximação com a população alvo. O trabalho foi necessário porque normalmente as comunidades encontram-se em áreas de difícil acesso e são formadas por parentes de um mesmo tronco familiar, com costumes peculiares passados de geração em geração. É comum que suas terras sejam invadidas, como é o caso da Comunidade Furnas da Boa Sorte, em Corguinho. Ali, os 1.402 hectares adquiridos pelos patriarcas no final do século XIX ficaram reduzidos a 115 hectares, onde 52 famílias lutam para garantir o sustento.
Território e cultura
A partir desta quarta-feira (09), a superintendência regional do Incra estará ornamentada com uma exposição montada pelo artista plástico Pablo Oliveira, utilizando objetos produzidos pelas comunidades. São vasos, esculturas, bijuterias e tecidos, onde a estética africana utiliza materiais como cerâmica, palha, fibras, tecidos e cipó para criar peças rústicas de forte impacto visual. Também haverá produtos alimentícios com destaque para a cana açúcar mascavo, rapadura, farinha de mandioca e mel.
Na quinta-feira (10), as peças e produtos poderão ser adquiridos com os quilombolas que chegam para o evento. Na sexta-feira (11), às 8 horas, o superintendente substituto do Incra, Valdir Perius, apresentará o panorama do processo de titulação no estado. De Brasília, estão confirmadas as presenças de palestrantes da Fundação Cultural Palmares e Secretaria Especial de Políticas para Igualdade Racial. Depois das palestras, os participantes terão tempo para trocar experiências e assistir o trabalho de auto-valorização apresentado pelo psicólogo professor Paulo Netto de Campo Grande.
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