Quilombolas recebem recursos da Petrobras
Três quilombos baianos recebem R$400 mil de projeto da Petrobras
As comunidades contempladas foram Barra, Bananal e Riacho das Pedras, na Chapada
Descendentes de escravos fugidos, os habitantes de Bananal vão se dedicar à criação de avestruzes
Três quilombos localizados na Chapada Diamantina, na região dos municípios baianos de Barra do Brumado e Rio de Contas, serão beneficiados com recursos da ordem de R$400 mil do programa Petrobras Fome Zero. São as comunidades quilombolas de Barra, Bananal e Riacho das Pedras, onde vivem cerca de 198 famílias. Lá, a verba servirá para o desenvolvimento de um projeto de criação de avestruz, com o objetivo de gerar emprego e renda à população local – descendentes de escravos que fugiram dos trabalhos forçados em fazendas e foram morar em lugares distantes dos centros urbanos.
Em todo o país, mais cinco áreas de quilombos serão beneficiadas pelo programa: Campinho da Independência (Rio de Janeiro), Ivaporunduva (São Paulo), Mocambo (Sergipe), Sumidouro e Tapuio-Queimada Nova, ambos no Piauí. O volume total de recursos é de R$3 milhões. A ação é fruto de um convênio, assinado semana passada no Rio de Janeiro, entre Petrobras, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Fundação Universitária de Brasília.
O representante dos quilombos baianos, Luciano Silva, afirmou que o financiamento irá possibilitar que a criação de avestruz dinamize o mercado na região. Segundo ele, o projeto terá início com 40 fêmeas e 20 machos do animal ainda este ano, com uma expectativa de 20% de crescimento ao ano. É um nicho de mercado a ser explorado, além das atividades que já desenvolvemos lá, como produção de poupa de fruta e cachaça, destaca.
Com o desenrolar do projeto, os quilombolas serão recrutados para trabalhar nos viveiros, oferecendo água e comida aos animais, além das atividades administrativas do negócio. Silva salienta que a comunidade dos quilombos é humilde e vive basicamente da agricultura de subsistência. A criação de avestruz, então, seria uma oportunidade de diversificar os trabalhos. Além de ser um reconhecimento, esse convênio é uma forma de incentivar a criação de empregos para os quilombolas no próprio lugar onde eles vivem, analisa. O projeto baiano foi escolhido pelo Petrobras Fome Zero por ser considerado viável dentro dos padrões do programa.
Monitoramento – O convênio tem duração de um ano e, durante este tempo, a Petrobras irá monitorar o andamento das atividades e a aplicação dos recursos nos quilombos contemplados, havendo metas a serem cumpridas. O gerente de comunicação nacional da Petrobras, Luís Fernando Nery, afirma que o convênio busca não somente promover a igualdade racial, mas também a inclusão social dos quilombolas.
Vale lembrar que a comunidade negra, de modo geral, tem menos acesso a empréstimos bancários e a incentivos para desenvolver seus negócios. Assim, passamos um ano e dois meses conversando com as comunidades quilombolas do país e detectando projetos viáveis, elaborados por elas mesmas. Isso significa que os quilombos têm as suas competências e sabedorias, mas lhes falta poder econômico. E é por isso que estamos beneficiando agora seis quilombos no país e temos a meta de contemplar mais quatro futuramente, atingindo um total de dez, para que todos tenham condições de se inserir no mercado, afirmou Nery.
< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>