Ativistas fazem intervenções em propaganda da Aracruz
Contra-informação na propaganda da empresa:
‘Aracruz seca os rios’
Em uma enorme placa de propaganda, colocada nas proximidades da Assembléia Legislativa, na Enseada do Suá, em Vitória, está sintetizada a verdadeira história da Aracruz Celulose: “é uma empresa multinacional que explora os recursos naturais brasileiros sem pagamento de impostos, mata os quilombolas, seca os rios e toma terras dos índios”.
Não se trata de erro da propaganda, mas de uma pichação realizada pelos ativistas contra o Deserto Verde formado pela Aracruz Celulose. O tamanho da letra com informações sobre a Aracruz Celulose não é do mesmo tamanho, claro, da versão vendida pela empresa. Mesmo assim, está disponível a quem interessar possa, e é particularmente visível à grande parte dos que freqüentam o Shopping Vitória.
A ação de contra-informação, realizada no início desta semana, deverá ser adotada em outras propagandas da Aracruz Celulose. Mas será luta David contra Golias: a Aracruz Celulose vem bombardeando os capixabas com informações sobre sua “sustentabilidade”.
As inserções da propaganda são feitas na televisão, em outdoors, rádios e jornais, em material de produção cara. Sem contar que a empresa tem nas redes e nos veículos de comunicação parceiros na veiculação de “notícias” que lhe são favoráveis.
A realidade é bem outra, aponta a Rede Alerta Contra o Deserto Verde, uma ampla frente da sociedade civil, composta de mais de 100 “entidades, movimentos, comunidades locais, sindicatos, igrejas e cidadãos, de quatro estados do Sudeste brasileiro, preocupados com a contínua expansão das plantações de eucalipto na sua região, assim como a venda de créditos de carbono.
Denuncia a Rede Alerta que a Aracruz Celulose continua a comprar terras, e ainda expulsa pequenos proprietários para as periferias da cidade. A empresa assume plantios de eucalipto em 252 mil hectares, e a propriedade de outros 133 mil hectares de terras, no Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
No seu balanço de 2004, a multinacional confirma que tem eucaliptos plantados em 71 mil hectares no que chama Programa Produtor Florestal, e que incorporou mais de 3 mil agricultores a este programa. Não inclui os plantios em 28 mil hectares através do plano florestal do Governo Paulo Hartung.
A Aracruz Celulose teve lucro líquido de R$ 1 bilhão (em 2003, o lucro líquido da empresa foi de 870 milhões).
Representantes dos povos indígenas, quilombolas, sem-terras e dos pequenos produtores rurais prejudicados pelos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose, e pelas plantações de pinus, de outras empresas, em luta contra a empresa, ganharam um espaço próprio de comunicação na internet. A Rede Alerta contra o Deserto Verde criou um website.
< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>