Comunidades Baú e Ausente: histórias que se cruzam
As comunidades quilombolas de Baú e de Ausente no município de Serro são patrimônios da história na região reivindicam seus direitos atuais
A comunidade do Ausente se encontra dispersa e subdividida em Ausente de Baixo e Ausente de Cima e é cruzada pelo rio Jequitinhonha. Existe luz elétrica na comunidade e uma escola que atende até a quarta-série. A comunidade é dividida entre evangélicos e católicos (alguns moradores católicos fazem parte da Guarda de Catopés, juntamente com moradores do Baú).
No dia 19 de setembro é comemorada a festa de Nossa Senhora do Rosário em Milho Verde, há rezas, levantamento da bandeira e a Guarda de Catopés que seguem em procissão pelas ruas de Milho Verde.
O Senhor Crispim e outros moradores do Ausente, falam uma língua de matriz africana, de origem Banto, e recordam também os antigos Vissungos, cantos para velar mortos, entoados nos trabalhos de roça e mineração. Os rituais fúnebres típicos da comunidade como velar no quarto, dar uma surra no morto, dentre outros, também foram lembrados.
A comunidade do Ausente e a comunidade do Baú mantêm relações de parentesco e culturais. Segundo relatos de moradores de ambas as comunidades, os moradores do Ausente se originaram do Baú, que se encontra na encosta da serra do Espinhaço, tendo a vegetação de mata Atlântica, cerrado e campos preservada.
Segundo Devanílson, morador da comunidade e funcionário do Programa de Saúde Familiar, existem 44 famílias na comunidade de Baú, contabilizando 234 pessoas. O seu avô se chamava João Norberto e foi um dos primeiros moradores da comunidade, no final do século XIX. Antigamente só existiam casas de pau a pique e sapé, e havia ainda uma igreja, que já sucumbiu com o tempo. Hoje existe uma igreja evangélica e ruínas de uma antiga senzala.
A origem dos moradores do Ausente e do Baú é Banto, sendo o dialeto falado por alguns habitantes do Ausente típico da região centro sul do continente africano.
Palavras do Dialeto de Moradores da Comunidade de Ausente: Angoró – Cavalo; Omana – Falta de roupa; N`gaiazambi – Deus; Mavu – Cemitério; Pipoquê – Feijão; Massambi – Arroz; Calunga – Água; Apungo – Fubá; Anjó – Casa; Otita – Noite; Oteta – Dia; Caimina – Moça nova; Macuco – Mulher velha; N`jara – Fome
Existe uma Associação de moradores na comunidade do Baú, cujo presidente se chama José de Fátima. Mediante a solicitação desta foi encaminhado à Fundação Cultural Palmares o pedido de reconhecimento da comunidade como remanescente de quilombo.
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