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BA – Quilombolas sofrem com a falta de documentos

Apenas a comunidade de Rio das Rãs está regularizada pelo Incra na Bahia

LETÍCIA BELÉM

Nas comunidades quilombolas, de remanescentes de escravos trazidos da África para o Brasil, falta quase tudo: energia elétrica, água tratada, saneamento básico, escolas, postos de saúde, estradas de acesso, moradias dignas, documentos básicos, como carteira de identidade e CPF e títulos de terra. A questão da propriedade é o principal problema. Apenas uma comunidade da Bahia está regularizada pelo Incra (comunidade Rio das Rãs, em Bom Jesus da Lapa) e 189 estão reconhecidas como quilombolas pela Fundação Palmares.

Estes são alguns problemas relatados durante dois dias nas oficinas do 1º Encontro das Comunidades Quilombolas da Bahia. Os relatórios foram apresentados a representantes do Ministério das Cidades e da Secretaria de Combate à Pobreza e Desigualdades Sociais (Secomp).

A promessa é que, a partir dessa iniciativa inédita de reunir e ouvir o que os quilombolas têm a dizer, sejam criadas políticas públicas para tentar resolver alguns dos problemas emergenciais a curto prazo e outras dificuldades a longo prazo. A situação é crítica, pois existem hoje cerca de 300 mil quilombolas na Bahia, espalhados em mais de 500 comunidades que vivem esquecidas pela sociedade e pelo governo.

CERTIFICAÇÃO – Para ter acesso ao investimento de mais de R$ 30 milhões do governo federal e ao apoio da Secomp, as comunidades têm que se auto-reconhecer como quilombolas e requerer a certificação da Fundação Palmares. A partir daí, começa a ser feito o primeiro processo, que é o da regularização da terra onde vivem desde a origem, com demarcação e titulação feita pelo Incra, liquidando antigos conflitos de terra com fazendeiros.

Para Antônio Cesar Ramos, coordenador do programa Quilombola e Índios do Ministério das Cidades, a intervenção física de base se dará onde já existe o reconhecimento deles como comunidade quilombola.

“Eles são os excluídos dos excluídos e precisam de tudo, não só da terra legalizada, mas de infra-estrutura básica para sobreviver de forma digna sem precisar sair de suas comunidades. Este encontro foi um grande salto, porque os quilombolas não faziam parte da agenda de políticas públicas”, explicou Ramos.

Segundo ele, só este ano serão investidos R$ 30 milhões pelo Ministério das Cidades para construção de mil unidades habitacionais na Bahia e cinco mil no País; R$ 21 milhões da Fundação Nacional de Saúde para implantação de abastecimento de água e unidades sanitárias e a ampliação do programa Luz para Todos, que levará energia elétrica para a maioria das comunidades.

A quilombola Eucássia Maria dos Santos, 48 anos, que vive na comunidade Juaçu, no município Senhor do Bonfim, afirma que é preciso uma fiscalização séria para que os prefeitos não façam política em cima dos problemas das comunidades.

A mãe-de-santo Juvane Viana, 54 anos, da comunidade Caronge, de Cachoeira, acredita que o encontro é fruto do protesto do povo durante tanto tempo de esquecimento e resistência. “Daremos apoio para que eles se organizem e possam ter acesso aos programas de geração de renda de acordo com suas vocações e reconhecimento enquanto quilombolas”, informou a superintendente da Secomp, Risalva Teles, responsável pelo programa de inclusão social.

Onde estão as comunidades

Wanderley

Cachimbo

Riacho de Sacutiaba e Sacutiaba

Barreiras

Tijuaçu

Muquém do são francisco

Jatobá

Sítio do mato

Mangal / Barro Vermelho

Bom Jesus da Lapa

Araçá

Juá / Bandeira

Lagoa dos peixes

Nova Batalhinha

Rio das Rãs

Malhada

Parateca – Pau D´Arco

Tomé Nunes

Riacho de santana

Agreste

Duas Lagoas

Nova viçosa

Cândido Mariano

Helvécia

Rio do Sul

Caravelas

Mutum

Naiá

Volta Miúda

Filadélfia

Cajá

Gavião

Riacho das Pedrinhas

Cachoeira

Caibongo Velho

Calembá

Calolé

Caonge

Dendê

Engenho da Ponte

Engenho da Praia

Engenho da Vitória

Imbiara

Tombo

Simões Filho

Dandá

Pitanga dos Palmares

Ilha de maré

Bananeiras

Maragojipe

Salaminas

Vitória da conquista

Boqueirão

Velame

Na Bahia,/ são mais de 500 com 300.000 pessoas.

Saiba Mais

Das 1.883 comunidades quilombolas no Brasil, 368 são reconhecidas pelo governo federal. Desde 2003, a Fundação Palmares emite certidões que regularizam a situação fundiária das comunidades. Para que isso aconteça, é preciso que que as comunidades se autodefinam como quilombolas.

Quilombolas são as famílias que têm como referência e identidade a descendência de escravos trazidos da África.
E que, em sua trajetória, haja marcas de resistência contra opressão.

Na maioria das comunidades faltam: energia elétrica, água encanada, estradas, posto de saúde e escolas. As principais atividades de subsistência são: a agricultura familiar e pesca.

Além da posse da terra, o decreto permite o acesso dessas comunidades a políticas públicas. Desde instalação de luz elétrica até valorização da sua cultura africana. Os quilombolas devem ainda receber tratamento preferencial, assistência técnica e linhas especiais de financiamento, destinados à realização de suas atividades produtivas e de infra-estrutura.

< O Observatório Quilombola reproduz as informações que recebe de suas fontes na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo. >

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