MG – A luta da Família Teodoro
A Família Teodoro reivindica seus direitos como comunidade remanescente de quilombo
A Família Teodoro, como é conhecido o grupo descendente do patriarca Teodoro Simplício da Silva, possui hoje aproximadamente cem famílias que foram expulsas de seu território tradicional. Estas famílias estão dispersas em cidades como Ituiutaba, Capinópolis, Uberlândia, Belo Horizonte e São Paulo. O território da Família Teodoro se encontra no triângulo mineiro, a nove quilômetros da cidade de Capinópolis, na fazenda Sertãozinho. Atualmente só reside uma família numa terra de meio hectare. Segundo moradores, a área tradicional da comunidade é de aproximadamente trezentos hectares.
A memória de seus moradores situa a formação da comunidade em uma data anterior ao final do século XIX, quando três irmãos casaram com três irmãs, dando origem ao grupo. Teodoro Simplício de Lima é filho de um destes casais. Teodoro casou com a filha de outro casal, gerando os filhos: Jerônimo, Davi, Rogério e Frutuosa; que deram continuidade à linhagem da Família Teodoro.
A primeira grilagem das terras se deu no ano de 1893 por fazendeiros que chegavam na região. Durante todo o século XX, o território da Família Teodoro foi sendo grilado até a expulsão de quase toda a comunidade. Segundo moradores, a comunidade já retomou ao território uma dezena de vezes. Todas as retomadas de terras foram reprimidas com violência. Os moradores foram expulsos, espancados e até torturados pelos invasores. Esta prática de violência foi largamente usada durante o período da ditadura militar com total conivência dos governantes públicos.
Atualmente o entorno da fazenda Sertãozinho está cercado de grandes propriedades, que derrubaram o cerrado para implantar a monocultura da soja e criar pastagens para a atividade de pecuária.
A Família Teodoro doou para o estado um terreno, onde hoje está a rodovia MG 226. Apesar do documento e de todos os direitos das comunidades remanescentes de quilombos de terem a sua terra tradicional titulada, o estado ainda não reconhece esta possibilidade. Moradores já recorreram à justiça comum diversas vezes e não obtiveram nenhum favorecimento.
Quando os moradores do quilombo ocupavam seu território, era produzido feijão, milho, algodão, arroz, cana e mandioca. As práticas culturais de matriz africana eram praticadas e havia até uma escola no local. Atualmente as pessoas estão trabalhando de bóia fria, pedreiro, servente e doméstica nos centros urbanos. Existe uma unidade familiar que pretende recuperar suas terras para poder viver dignamente.
O grande problema da Família Teodoro é a falta de terras, griladas durante dezenas de anos.