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BA – Apelos de quilombolas a MDS

Integrantes de comunidades baianas levaram reclamações ao ministro Patrus Ananias
Representantes de comunidades quilombolas e de religiões de matriz africana da Bahia falaram sobre as dificuldades por que vêm passando e fizeram apelos ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, durante encontro que ocorreu ontem à tarde, no Museu Eugênio Teixeira Leal, no Pelourinho. O evento faz parte da 8ª Plenária da População Negra pelo Direito Humano à Alimentação.
Foi uma tarde de apelos. A palavra foi dada, inicialmente, para pessoas ligadas a diferentes núcleos localizados em municípios da Bahia, como Candeias, Muritiba, Lauro de Freitas, Salvador e Senhor do Bonfim. Elas falaram dos problemas enfrentados pelos terreiros para ajudar as comunidades onde estão localizados – a maioria em regiões da periferia e muito pobres.

“Nós precisamos de mais. Que o alimento não demore tanto de chegar. Que seja uma ajuda mensal”, disse pai Jorge Cerqueira de Amorim, de Muritiba, referindo-se à doação de alimentos feita através do Programa Fome Zero, e que, pelo visto, apresenta irregularidades.

Valmir dos Santos, coordenador e conselheiro da Associação Agropastoril Quilombola de Tijuaçu, em Senhor do Bonfim, ainda lembrou das ações prometidas pelo governo, voltadas para os remanescentes dos quilombos. Contou da necessidade de uma capacitação para a comunidade, que recebeu equipamentos, máquinas avançadas de corte e costura, mas não sabe como utilizá-las. Uma das reivindicações do grupo é a criação de programas que gerem emprego e renda.

Ele falou ainda do problema de espaço físico. Segundo informou, cerca de 80% das terras da região pertencem a fazendeiros que criam animais ou mantêm suas terras improdutivas, mas que praticam o desmatamento acelerado contribuindo para a destruição da fauna e da flora. No município, são 42 comunidades remanescentes dos quilombos que envolvem cerca de 30 mil pessoas. Os quilombolas pediram a adoção de políticas estruturantes que possibilitem o enfrentamento da situação de pobreza.
“Nós temos outras fontes”

As medidas adotadas para melhorar as condições de vida das comunidades quilombolas são paliativas. Essa foi a reclamação de Valdina Pinto, representante dos terreiros na Federação. “Nós temos outras fomes. Fome de educação, de respeito, de estrutura”, disse ela.

Num pronunciamento rápido, sem anunciar qualquer outra medida voltada para as comunidades, o ministro Patrus Ananias foi taxativo em dizer que estava ali para ouvir. “Autoridade é serviço. A gente tem que estar lá a serviço de vocês”, destacou, pedindo orações pelas ações do ministério.

“A nossa dívida social está aí porque conseguimos a abolição sem medidas concretas que dessem estruturas para que ela acontecesse. Começamos a caminhada com 400 anos de atraso”, acrescentou. O ministro falou que a principal intenção do governo neste momento é acabar com a fome, numa resposta às suaves e amigáveis críticas recebidas de tendência ao assistencialismo.

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