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SP – Cangume – Reconhecimento de terras

Itesp reconhece mais um quilombo no Estado

Mais uma comunidade de remanescentes de escravos negros foi reconhecida pela Fundação Instituto de Terras (Itesp), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. O quilombo Cangume, localizado no município de Itaóca, abriga atualmente 36 famílias (cerca de 150 pessoas) numa área de 724 hectares.

A história de Cangume vem de muito tempo, por volta dos anos de 1870, quando acaba a Guerra do Paraguai, conflito que envolveu Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai (a guerra durou de 1864 a 1870).

Entre os mais velhos da comunidade há várias histórias que explicam o nome Cangume: uma delas fala de um negro escravo que levava esse nome e que teria morrido na guerra; a outra história conta que um escravo convocado para a batalha teria sobrevivido e trazido algum dinheiro, do soldo que recebia como soldado, e com ele adquiriu as terras onde viveu a comunidade durante todos esses anos. Seu nome seria Cangume.

Desde a sua origem até os dias atuais, Cangume conseguiu manter preservados os seus costumes e tradições e é considerada uma das comunidades mais fechadas, com casamentos consangüíneos, atividades religiosas e agricultura de subsistência. Uma das poucas influências que receberam foi de um estudioso francês, no início do século XX, que trouxe o espiritismo da linha kardecista para a comunidade, que então deixou de seguir a umbanda e o candomblé.

A distância de Cangume com os municípios mais próximos não desanimou as autoridades municipal e estadual, que levaram até a comunidade blocos de concreto para a construção de casas de alvenaria, de uma escola, um Posto de Saúde, um Centro Comunitário, e cursos de capacitação em piscicultura e confecção de pães, com a utilização de um kit padaria doado pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado.
O relatório técnico-científico elaborado pelo Itesp foi publicado no Diário Oficial no dia 23 de dezembro do ano passado, e significa a demarcação e o reconhecimento da comunidade quilombola. Mas ainda é necessário que o Governo Federal faça a desapropriação das terras, que são particulares, para que haja a titulação, garantindo a propriedade das terras à comunidade, como prevê dispositivo constitucional.

Cangume é a 19a comunidade quilombola reconhecida no Estado. Outras 18 comunidades estão com trabalhos de reconhecimento em andamento ou aguardam o início dos trabalhos. A maioria das comunidades quilombolas de São Paulo está concentrada na região do Vale do Ribeira.

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