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ES – Mulheres quilombolas de Angelin

Mulheres representantes de comunidades descendentes de escravos apresentam problemas ao governo

Bianca Estrella

Brasília – Quando a artesã e moradora da comunidade quilombola de Angelin – que fica no norte do estado do Espírito Santo -, Selma dos Santos, fala sobre o que o governo tem feito pelos remanescentes de quilombos, seus olhos se enchem de lágrimas. Para Selma, somente agora as
comunidades quilombolas conseguiram ter voz ativa nas decisões do governo federal. “Estamos tendo portas abertas e oportunidade para sentar com o governo e colocar nossas opiniões e pontos de vista sobre as políticas públicas aplicadas”.

Assim mesmo, os quilombolas (como são chamados os que vivem nessas comunidades descendentes de escravos), ainda enfrentam muitas dificuldades.
A moradora de Angelin conta que todas as 32 comunidades do norte do estado do Espírito Santo enfrentam problemas com a monocultura do
eucalipto. “Hoje temos 50 mil hectares de terras em poder de uma empresa poderosa que planta eucalipto para produzir a celulose. No momento, todas as nossas terras estão sendo usadas para a extração de celulose. Com essa invasão, que existe desde a década de 70, famílias foram
desestruturadas e a regularização de terras se tornou ainda mais difícil”, informa.

As conseqüências da falta de titulação da terra também são sentidas pela comunidade de Conceição das Crioulas, que fica há 540 km da cidade de
Recife. Segundo outra artesã, Maria dos Santos Oliveira, a produção de jogos americanos feitos de imbira e bonecas feitas de caroá às vezes
são interrompidas. “Nossa matéria-prima está na terra ocupada pelos fazendeiros. Como eles não aceitam que somos os donos da terra, algumas
vezes nosso trabalho é interrompido por falta de material. Já são muitos anos de briga”, afirma Maria.

Selma dos Santos lembra, ainda, que desde 2002 o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) atende 22 municípios do estado do Espírito Santo, atingindo quase 15 mil famílias. “Acessamos o
programa de moradia rural e estamos construindo 250 casas, também trabalhamos com o projeto de educação no campo que promove a alfabetização
de jovens e adultos. Participamos de todos os projetos federais que nos convêm.”

Essas e outras experiências de mulheres quilombolas foram discutidas nesta terça-feira (29) no encontro Mulheres Quilombolas: Gênero e
Políticas Públicas para o Etnodesenvolvimento, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O encontro reuniu 22 mulheres
representantes de comunidades quilombolas, além de representantes de ministérios, secretarias governamentais ligadas ao tema e movimentos sociais.

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