MG – Comunidade de Puris
Comunidade Quilombola de Puris
A Comunidade Quilombola de Puris, localizada no município de Manga / MG, reinvindica o direito à terra e a água
A Comunidade quilombola de Puris se localiza no município de Manga, no extremo norte de Minas Gerais. Na região, a influência indígena é muito forte (Puris fica muito próximo à área dos índios Xacriabá), refletindo na toponímia do lugar, que carrega inúmeros nomes de origem indígena, como o da comunidade: Puris.
Segundo a memória dos moradores mais antigos, a comunidade data sua existência a mais ou menos cem anos, quando pessoas vindas da Bahia, se fixaram no local. Atualmente existem 70 moradias, contabilizando mais ou menos 300 habitantes na comunidade. Existe uma escola que atende até a quarta-série, energia elétrica e uma caixa d’água para captação de água durante a chuva. Até o ano 2000, todas as casas eram de pau a pique; mas em decorrência de um grande surto de doença de chagas, causado pela proliferação do barbeiro de chagas, a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) construiu diversas casas (aproximadamente 30) de adobe.
No ano de 2004 houve uma ocupação na fazenda Calindó (o acampamento se chama Renascer) por trabalhadores sem terras e por quilombolas. Havia 150 famílias acampadas, sendo que 50 famílias da comunidade de Puris. No território da fazenda Calindó está localizado um cemitério antigo dos moradores de Puris.
Na comunidade, a maioria das pessoas são católicas. São celebradas as festas do padroeiro (Santa Cruz), de São Sebastião e Folia de Reis. Existem duas associações na comunidade. A Associação de Pequenos Produtores e Trabalhadores Rurais de Puris (104 associados) e a Associação das Mulheres de Puris.
Os principais problemas da comunidade são semelhantes aos problemas dos Gurutubanos: Terra e água. Segundo o morador Faustino, os primeiros fazendeiros chegaram na região há quarenta anos atrás e começaram a ocupar as regiões mais férteis, nas margens do rio Calindó. O uso da água do rio pelos fazendeiros escasseou o rio. Os moradores alegam que o curso original do rio foi mudado e hoje ele só singra na terra dos fazendeiros. Por falta de água, a comunidade deixou de produzir rapadura, cana, algodão, feijão e arroz. A produção de alimentos e a criação de animais são para a subsistência da população de Puris. Esta dificuldade de sobrevivência e trabalho fomenta a migração sazonal de homens adultos para trabalhar no corte de cana e na colheita de café em São Paulo.
Existe na comunidade uma turma de alfabetização de jovens e adultos. As pessoas que freqüentam as aulas estão se queixando da dificuldade em acompanhar os estudos pela falta de óculos.
Em Puris, muitas famílias recebem verbas de programas governamentais como o Vale Gás e o cartão Bolsa Família. Uma pequena parte recebe dinheiro da aposentadoria.
A comunidade trabalha com artesanato de palha e muitas mulheres fabricam esteiras de bananeiras. A fitoterapia (frutos, raízes e plantas) também é muito usada pela população. A comunidade recebe visitas de agentes do Programa Saúde Família, sendo a periodicidade bastante inconstante, segundo os moradores.
A comunidade sempre sofreu com a violência dos posseiros. Um fazendeiro de nome João Duca, que vivia na região ha algumas décadas atrás, até hoje é lembrado pela memória dos mais antigos. Durante a reunião, a questão da água sempre foi lembrado pela população. Ressaltando que a construção de barragens por fazendeiros para usar a água nos pivôs de irrigação é o grande problema atualmente de Puris.