Observatório Quilombola
No dia 29 de janeiro, no Fórum Social Mundial, ocorreu no espaço B: “Em defesa das diversidades”, uma discussão acerca da questão dos afrodescendentes na América Latina e Brasil. O primeiro participante da mesa, natural de Santo Domingo, República Dominicana, salientou que a afrodescendência está presente em quase toda a população dominicana, separada por dois pólos de influência, fruto de diferentes passados coloniais: um francês e outro espanhol. “Cerca de 30% da população rural dominicana não possui documentos”, acrescentou ao seu relato. A senhora Lise Marie, representante do Haiti, aproveitou para destacar que o seu país é um mosaico de raças africanas. Há descendentes da Nigéria, Senegal, Guiné, entre outros países. E mesmo assim, somente em 1946, o Haiti teve seu primeiro governo negro, com a organização da resistência nacional. Carlos Rúa, palestrante da Colômbia, salientou que os afrodescendentes não fazem parte do plano econômico e social dominante, bem como não fazem os gays, os desempregados. O desafio, então é lançar um tecido organizativo em favor de todos os direitos humanos de todas as minorias. “É de suma importância que nós afrodescendentes promovamos, acima de tudo, a integração e não o gueto, como alguns movimentos fazem”, orientou Rúa. O membro da Educafro, Frei David, apóia o PRÓ-UNI, programa do Governo Federal para a garantia de bolsas parciais e integrais em instituições particulares de Ensino Superior, já que isso está previsto na própria Constituição Federal. Simplesmente empregar essa verba a ser utilizada no pagamento das bolsas em instituições federais não garantiria o ingresso às mesmas de negros e descendentes, segundo o Frei David. Por fim, houve o lançamento do site Observatório Quilombola (www.koinonia.org.br/oq), uma realização do Koinonia, com o apoio da ActionAid Brasil, com a apresentação do mesmo através de seu coordenador José Maurício Arruti. Um dos objetivos do Observatório é garantir a produção de um conhecimento cumulativo dos conflitos locais, mantendo um olhar constante na formulação de políticas públicas, que ganham, através do site um público mais amplo. E com o apoio da ActionAID Brasil, pretende-se agregar, conectar e criar um espaço de rede; fomentando a comunicação entre as experiências nacionais e internacionais.