• (21) 3042-6445
  • comunica@koinonia.org.br
  • Rua Santo Amaro, 129 - RJ

MG – Quilombo do Mocó

A comunidade de remanescentes de quilombos do Mocó, localizada no município de Francisco Badaró/MG, sofre com o descaso do poder público e da sociedade.
A comunidade Quilombola de Mocó se localiza no município de Francisco Badaró, no médio Jequitinhonha. A comunidade foi batizada de mocó, porque havia uma grande quantidade deste pequeno mamífero na região.
Mocó se localiza no distrito de Tocoiós (Fica a quatro quilômetros de Mocó), onde a população de afrodescendentes é majoritária.
Moram atualmente na comunidade de Mocó, de quarenta a quarenta e cinco famílias, divididas entre três grupos: os Miúdos, os Velhos e os José Dinás. Existe apenas uma família de pele clara, moradores que migraram de outra região para Mocó; não possuindo laços familiares com as outras famílias. O patriarca se chama Silviano, e é o atual presidente do Conselho de Moradores do Mocó.
A geografia da região é pautada pela seca. A vegetação é predominante de cerrado, com manchas de caatinga e capoeiras em encostas de morros. Segundo o morador Antônio Velho, havia muita caça antigamente, mas hoje os animais desapareceram.
José Miúdo, de 87 anos, o morador mais velho da comunidade disse que seu bisavô era índio e foi um dos primeiros moradores da comunidade. Antônio Velho também disse que sua bisavó era indígena e foi pega no laço. Estes relatos demonstram a grande miscigenação da região do Jequitinhonha, entre indígenas e afrodescendentes.
A comunidade possui a cultura de plantar mandioca (Existe uma farinheira comunitária em Mocó) e pequenas roças de feijão. Muitos moradores de Mocó trabalham em Tocoiós e Francisco Badaró. Nos finais de semana existe feiras nas duas cidades, e alguns moradores de Mocó vão vender seus produtos. Uma pequena parte de moradores vivem da aposentadoria.
A maioria dos homens migram sazonalmente para o interior de São Paulo e do Paraná para trabalharem no corte da cana e na colheita de café (abril/maio até outubro/novembro). Durante este período ficam poucos homens na comunidade. Muitas mulheres também migram para São Paulo e Belo Horizonte para trabalharem de doméstica. A comunidade de Mocó está sofrendo um decréscimo populacional, pois segundo Maria Aparecida Rocha (vice-presidente do Conselho de Moradores do Mocó) a mais ou menos quinze anos atrás havia mais de setenta famílias morando na comunidade. É visível a falta de jovens na comunidade.
A comunidade se formou na segunda metade do século XIX, e segundo José Miúdo, seu bisavô chamado Gerônimo (que era índio) ganhou as terras de seu senhor quando este faleceu, e juntamente com outros ex-escravos povoaram o sítio. A origem de grande parte da população atual é da localidade chamada Capivari, no município de Minas Novas; Córrego da Mariana, lugar próximo à comunidade; Cabeceiras, também no município de Minas Novas; nas margens do rio Sucuriú e localidades do município de Chapada do Norte.
Segundo José Miúdo, até 1954, todas as construções eram de pau a pique. Dormia-se em esteira de bananeira e as pessoas trabalhavam na roça no sistema de Maromba (mutirão). Na época de estiagem havia rezas e penitências para pedir chuva. Uma das penitências era carregar uma pedra na cabeça e depositar no pé de um cruzeiro para pedir a chuva.
Os moradores mais antigos pertenciam a Irmandade do Rosário de Sucuriú (fundada em 1847) em Francisco Badaró. Segundo José Miúdo, todo ano ele brincava o Candongo na festa de Nossa Senhora do Rosário.
A comunidade de Mocó possui uma farinheira comunitária, a capela de Santo Antônio, um poço artesiano, energia elétrica desde 1995 e um açude. As crianças e jovens estudam em Tocoiós, a quatro quilômetros de Mocó. O índice de analfabetismo é muito alto, principalmente entre as mulheres adultas.
Apenas uma família possui o título da terra, emitido pela Ruralminas. A moradora e proprietária se chama Raquel Sales Pereira. Segundo os moradores a terra da comunidade pertence à família do padre Baneiro desde o final do século XIX. Nunca houve conflitos explícitos de terras na comunidade, pois a terra da região não é boa para a agricultura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo