MG – Comunidade de Moça Santa
A Comunidade de Remanescentes Quilombolas de Moça Santa está em Busca de seus Direitos.
A comunidade de Moça Santa se localiza no município de Chapada do Norte, no vale do Jequitinhonha, possuindo 61 famílias e uma população em torno de 300 pessoas. Existem na comunidade duas escolas que atendem até a sétima série do ensino fundamental, energia elétrica, poço artesiano, telefone público e a igreja de Bom Jesus. O padroeiro da comunidade é Bom Jesus da Lapa. Em frente à igreja existe um cruzeiro de madeira bastante antigo.
A ocupação inicial de Moça Santa se deu na segunda metade do século XIX, e segundo a moradora Maria, de 72 anos, foi Manoel Luiz da Rocha, Lourenço Gomes dos Santos e Benedito da Costa com as suas famílias, vindos da região do Caititu, em Berilo, as primeiras pessoas a ocuparem a região. A primeira denominação do sítio foi Córrego do Macaco, havia uma mata fechada circundando a comunidade, denominada de mata dos Macacos.
O nome da comunidade é Córrego do Bom Jesus, mas popularmente é conhecida como Moça Santa. A moça santa viveu na comunidade do início do século XX até 1977, quando faleceu já muito idosa. Ela se chamava Rita e segundo os moradores, tinha o poder de curar as enfermidades das pessoas apenas dando água para elas beberem ou estando próxima aos doentes. Todas as festas da padroeira que acontecia, era ela quem levantava o mastro de Bom Jesus da Lapa. As pessoas vinham de vários lugares para se curarem com a moça santa.
A vegetação que predomina na região é de cerrado. A região está bastante degradada pelo desmatamento e pelo uso do meio como pasto. A uma grande incidência de rochas graníticas na região, dificultando o uso do terreno em plantios.
Segundo o morador Faustino, existem caminhos e ruínas de muros de pedra construídos por escravos, próximo ao povoado. Faustino contou que havia Folia de Reis e que vários membros da comunidade participavam da guarda de Congo na comunidade negra de Paiol, que também fica no município de Chapada do Norte.
Faustino contou que antigamente a comunidade cultivava mandioca, andu, cana, abóbora e arroz e fazia comércio com Araçuaí, principalmente com a venda de rapadura. E que em época de estiagem, as pessoas se alimentavam de uma raiz chamada Macunã, vestiam roupas de algodão, tecidas na própria comunidade e as moradias eram todas de pau a pique.
A maioria dos homens adultos migram sazonalmente para o interior de São Paulo e do Paraná para trabalharem no corte da cana e na colheita de café (abril/maio até outubro/novembro). Durante este período ficam poucos homens na comunidade. Muitos vão para São Paulo e não retornam para a comunidade.