MG – Comunidade de São Félix
A Comunidade de São Félix sofre com o descaso do poder público e com a ocupação de seu território tradicional
A comunidade quilombola de São Félix se encontra no município de Chapada Gaúcha, norte de Minas. Os primeiros moradores se fixaram no local na primeira metade do século XIX, segundo a memória dos moradores.
Existem 12 famílias em São Félix, contabilizando 53 pessoas. Funciona na comunidade uma escola que atende até a quarta-série. A escola funciona em uma construção de pau a pique que está desmoronando (durante a época de chuva não pode haver aulas). Apenas oito alunos estudam na escola. Em São Félix não existe luz elétrica, água tratada, esgoto e nem posto de saúde.
A comunidade festeja em janeiro a festa de reis. O lundun é uma expressão cultural típica da comunidade. O lundun é bastante antigo sendo poucas as comunidades que praticam o lundun atualmente.
O problema da terra é sério e pontual na comunidade. Através de documentos (certidões de nascimentos), da memória dos mais velhos (a mãe da matriarca, nasceu na localidade em 1898, e sua avó, em meados de 1868) e de evidências físicas (cemitério antigo); a população pode comprovar que mora no sítio a mais de cem anos. A terra começou a ser grilada nos finais dos anos setenta, com a chegada de latifundiários. Atualmente uma siderúrgica ocupa o território histórico da comunidade e ameaçam de várias formas os moradores de São Félix.
Em dezembro do ano de 2003, funcionários da siderúrgica escavaram um enorme buraco na estrada que liga a comunidade aos outros distritos e cidades, impedindo o trânsito de veículos, inclusive do ônibus escolar que leva a merenda e alunos para as escolas de Serra das Araras e de São Francisco. Além do buraco, os funcionários da empresa estreitaram uma porteira e colocaram estacas na estrada.
Existe uma tensão constante de funcionários da empresa para com a população de São Félix, que vão desde ameaças de morte até a de derrubada das casas, no intuito de expulsar as pessoas de seu sítio.