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GO – O dia-a-dia do povo Kalunga

Exposição itinerante mostra a vida dos descendentes de escravos
Marcela Duarte
Da Equipe do Correio
Os alunos da Escola das Nações de Brasília conheceram um pouco sobre o dia-a-dia do povo Kalunga, remanescentes do quilombo instalado na região da Chapada dos Veadeiros, ao norte do estado de Goiás. Durante cinco dias, a escola recebeu a exposição itinerante do Ministério da Educação, Uma História do Povo Kalunga. Na mostra, são expostas 32 fotos que retratam as festas, devoções, a vida escolar das crianças e a economia produzida pelos descendentes de escravos, que viveram quase 200 anos isolados da civilização.
Eles só entraram em contato com o homem branco há aproximadamente 30 anos. Nem sabiam que a escravidão tinha acabado no país. Para fugir do trabalho escravo nas minas e garimpos, o povo Kalunga fugiu de seus donos e formou quilombos nas serras do norte de Goiás. Seus descendentes moram até hoje nessas comunidades. Os kalungas de Teresina de Goiás, por exemplo, são nossos vizinhos. Moram distante de Brasília apenas 200 quilômetros. Foi assim — vivendo escondidos entre serras, rios, riachos e córregos — que os netos, bisnetos e trinetos de escravos sobreviveram e preservaram sua cultura e tradições. Hoje são mais de 12 mil kalungas na região.
As fotos da exposição foram feitas em 1999 por um grupo de alunos e professores do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (Neab). A mostra ficou pronta em 2000 e foi vista primeiro pelos Kalungas de Cavalcante. Mas também já esteve no Rio de Janeiro (Palácio Guanabara) e São Paulo (Universidade Federal de São Carlo).
A Escola das Nações faz parte do projeto Escolas Irmãs, do programa Fome Zero. Todos os estabelecimentos de ensino que participam do programa adota uma escola por quatro anos. A Escola das Nações adotou pelos próximos quatro anos a Escola Municipal Tia Adesuíta, em Teresina de Goiás.
Os alunos Vanessa Vilella, Luiza Senna e Brian Lindbrgh, acompanhados de cinco professores, visitaram em maio a comunidade de Teresina de Goiás, com a missão de relatar a experiência para seus colegas. Outra ação do projeto é a troca de correspondências entre os alunos das duas escolas.
— As casas não tinham sequer luz elétrica até o início deste ano, mostra Vanessa aos coleguinhas da 2ªsérie que visitaram a exposição.
Sophia Dodge, 8 anos, ficou surpresa com as fotos.‘‘Eu gostei de conhecer esse povo. Achei legal a foto que mostra os brinquedos que as crianças fazem’’, comentou a aluna da 2ªsérie da Escola das Nações.
FALE PARA A PROFESSORA:
A escola interessada em receber a exposição História do povo Kalunga deve entrar em contato com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC). Informações: 2104-6095.

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