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RJ – MEC quer alfabetizar quilombolas do Rio

O Ministério da Educação e o Sesi (Serviço Social da Indústria) do Rio de Janeiro prometeram ontem oferecer cursos de alfabetização em todos os 25 quilombos do Rio. A promessa foi feita após a entrega de 26 diplomas de alfabetização a moradores do quilombo de Santana, na cidade de Quatis (no sul do Estado).
O número de formados no quilombo de Santana é insignificante perto dos 16 milhões de analfabetos que o atual governo federal se comprometeu a alfabetizar até o fim de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A cerimônia, no entanto, teve um significado histórico.
Ela aconteceu na igreja construída em 1867 pelos escravos do barão de Cajuru, que morreu em 1869. Após a morte do barão, que era o dono da fazenda onde hoje vivem 97 descendentes de escravos, os filhos dele foram para a Europa e deixaram apenas algumas mulheres tomando conta de 960 hectares de terra.
Impossibilitadas de cuidar dos negócios, as herdeiras fizeram, segundo os moradores do quilombo, um acordo: os escravos cuidariam delas até sua morte e, depois, herdariam a terra. Com a morte das herdeiras e o fim da escravidão, em 1888, os ex-escravos passaram a viver no local.
Miguel Francisco da Silva, 40, que ontem recebeu o certificado alfabetização, conta, porém, que a falta de perspectiva econômica fez com que vários dos escravos libertados tentassem a sorte em Minas Gerais.
Após tentativas fracassadas em fazendas mineiras, eles voltaram. A dificuldade dos moradores hoje é receber o título de propriedade das terras, já que um incêndio num cartório de Barra Mansa (sul do Rio) na década de 50 teria destruído o documento que comprovava a negociação com as herdeiras do barão.
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), entretanto, já reconheceu a área como um quilombo e pretende dar neste ano o título de propriedade aos moradores.
Ontem, o secretário de Alfabetização do MEC, Ricardo Henriques, disse que o governo estenderá o projeto a todos os quilombos do Rio. Para garantir a geração de renda, o projeto do Sesi prevê agora cursos de capacitação no local. Foram doadas máquinas para modernizar a colheita de milho e ervas medicinais. A produção será comprada por comerciantes de Quatis e pelo projeto Petrobras Fome Zero.

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