MG – Quilombo de Mumbuca e a Mata Escura
Os moradores de Mumbuca estão bastante apreensivos. Foi criada na região uma Unidade de Conservação Biológica denominada Mata Escura, que incide sobre o território etno-histórico da comunidade.
A comunidade de Mumbuca se localiza no município de Jequitinhonha, no baixo Jequitinhonha, extremo nordeste de Minas Gerais. O nome Mumbuca é oriundo de uma espécie de abelha que era muito comum na região.
Muitos moradores usam a região para colher mel e outras atividades extrativistas, além de ser passagem para outros sítios. A criação da Unidade de Conservação criou uma grande indignação entre os moradores da Mumbuca, pois além do trânsito da comunidade na Mata Escura, a reserva cercará os caminhos, isolando as pessoas. Segundo informações do IBAMA, na Mata Escura existem quatro espécimes de Mono-carvoeiros ou Muriquis, como também é conhecido este macaco típico da mata Atlântica. A implantação da reserva no tamanho estipulado pelo governo poderá expulsar mais de cinco mil pessoas da região. Existem duas carvoarias no entorno da região da Mata Escura que são utilizadas por fazendeiros do entorno. A comunidade alega que estes fazendeiros é que exploram a região de uma maneira não sustentável e que a comunidade de Mumbuca sempre utilizou a região sem causar um grande impacto ambiental. Representantes da comunidade organizaram uma caravana até Brasília para ter uma audiência com a ministra do meio ambiente, Marina Silva, mas não foram recebidos pela ministra.
A comunidade é composta por três núcleos de moradia. A Laranjeira (o maior núcleo, onde se encontra a igreja, a casa paroquial, a farinheira e a escola), a Mumbuca e a Cachoeira. Existem outros dois núcleos no entorno da área, que são Escuta e Vai Quem Quer. Existem 54 famílias, contando ao todo 204 pessoas que vivem na comunidade. No núcleo de Laranjeira a maioria das construções são de tijolos e telhas. Mas, existem mais ou menos cinco construções de pau a pique e sapé. No entorno da comunidade muitas construções são de pau a pique e sapé.
Existe uma farinheira comunitária na comunidade. O cultivo de mandioca é a principal atividade agrícola de Mumbuca. A colheita de laranja também é muito praticada entre os moradores, daí originou o nome do maior núcleo – Laranjeira. A comunidade possui também energia elétrica, uma escola de ensino fundamental e uma turma de alfabetização de jovens e adultos.
A história da formação do povoado de Mumbuca se deu na segunda metade do século XIX, quando José Cláudio, juntamente com sua mulher e outras pessoas migraram para a região. José Cláudio e seus/suas companheiros vieram da Bahia e trouxeram uma pequena imagem de Nossa Senhora do Rosário. Nossa Senhora do Rosário é a padroeira da comunidade, e todo ano é organizado os festejos em sua homenagem.
O território de Mumbuca era bastante extenso até a chegada de fazendeiros na década de sessenta. Os fazendeiros foram ocupando aos poucos o território da Mumbuca, até se concentrarem em um pequeno território que deve equivaler a mais ou menos vinte por cento do território étnico-histórico original.