Apoios à comunidade

Manoela Vianna

Manifestações a favor da comunidade quilombola da Ilha da Marambaia

“Marinha ameaça deixar o local” – ameaça a quem? Talvez seja a solução para a preservação de um dos últimos paraísos ecológicos. É prática do adestramento militar na ilha lançar tiros de canhão de navio nas pedras costeiras (criatórios de pescado), amarrar e detonar bombas em árvores, causando incêndios na Mata Atlântica, e usar tranques de guerra passando por cima de minúsculas espécies. E lá se vão pássaros, borboletas, roedores. Há um patrimônio ambiental, histórico e arqueológico a ser preservado e os nativos são os principais preservadores. Desconfio que “o paraíso ecológico” está na mira de especuladores.

Maria Silveira, Ubá (MG).

Publicado no O Globo em 23 de maio.

 

Conheço a precária situação de vida dos quilombolas, e considero que o medo de não ter alternativa a não ser morar numa favela no continente seja uma das motivações que os mantêm vivendo em condições subumanas como seus antepassados. A matéria informa sobre restrições legais a novas construções e grandes ampliações. Que restrições seriam? Por que, então, “uma casinha lá na Marambaia” tem paredes de pau-a-pique, chão de terra batida, telhados precários e péssimas condições de captação e escoamento de água? A ilha é um paraíso ecológico e os quilombolas têm orgulho disso. O que me faz pensar que sejam os principais interessados em defendê-la da ocupação desordenada, da especulação imobiliária e da depredação do meio-ambiente.

Lúcia Helena Maria de Almeida, Cabo Frio (RJ).

Publicado no O Globo em 23 de maio.

 

Racismo ambiental na Marambaia
É, no mínimo, sintomático, a reação da Marinha do Brasil, contra o direito dos remanescentes de quilombo da Ilha da Marambaia à terra dos seus antepassados. Tentam persuadir a opinião pública mostrando riscos à biodiversidade, e de favelização, insinuam privilégios excessivos para os ilhéus, quando calculam área de 70 maracanãs para cada família e, ameaçam abandonar a ilha, caso esse direito, já reconhecido em primeira estância pela Justiça Federal de Angra dos Reis, se efetive.

Essa reação, que conquistou  destaque excepcional na edição dominical do jornal O Globo, tem todos os sintomas de Racismo Ambiental. Porque pobres e negros não merecem ter direitos? Porque se quer desmerecer os direitos constitucionais dos remanescentes de quilombo, quando a questão envolve justamente aquele paraíso ecológico ? Só ricos e brancos teriam direito a uma casinha na Marambaia,  àquelas terras sabidamente de alto interesse para as grandes redes de turismo internacional ?

Por trás de todo esse discurso de risco à biodiversidade e favelização, três  importantes questões foram omitidas. Primeiro é a de que é a própria Marinha, a causadora dos maiores danos à biodiversidade da Ilha, com as explosões de minas e os exercícios freqüentes de artilharia dos seus fuzileiros. Segundo, que o direito dos remanescentes de
quilombo à terra, como determina a lei, é um direito coletivo e inalienável, ou seja, a terra não poderá ser vendida nem individualizada. Terceiro é a de que ela, a Marinha, só agora, depois de muito arbítrio, reconhece o direito dos remanescentes de permanecerem na Ilha, omitindo um longo período de perseguição, de aquartelamento e da expulsão compulsória de vários ilhéus.

Casuisticamente, para não reconhecer os direitos dos remanescentes de quilombo, a Marinha também, tanto questiona o rigoroso laudo antropológico contratado pela Fundação Cultural Palmares à ONG KOINONIA, como o critério da auto-definição previsto no decreto 4887, de 20/11/2003, do próprio presidente Lula, numa demonstração explícita de desobediência e disputa de poder dentro do Governo. Poder esse, que impediu por um longo período que o INCRA, órgão do próprio governo,entrasse na Ilha para não ver demarcada a área de terra dos ilhéus, que hoje questiona.

O fato é que, a política da Marinha para a Ilha da Marambaia se configura como um ato de racismo ambiental, entendendo racismo ambiental como qualquer política, prática ou diretiva que afete ou prejudique, de formas diferentes, voluntária ou involuntariamente, a pessoas, grupos ou comunidades por motivos de raça ou cor, segundo conceito de Robert Bullard , Diretor do Environmental Justice Resource Center.

O mesmo conceito serve para as ações do escravagista e riquíssimo barão do café, José de Souza Breves, que no século XIX, sob o beneplácito do Império, se apropriou da Ilha da Marambaia, para lhe servir como entreposto do tráfico e engorda de escravos e suprir de trabalho escravo as várias fazendas do Vale do Paraíba. Para os ilhéus da Marambaia algumas coisas insistem em permanecer iguais, como o de não ter direito de ir e vir (só podem usar o transporte da Marinha), não ter direito à educação, à energia elétrica, ao saneamento básico, à moradia, mas, principalmente, o que parece não mudar, é o tratamento que a Marinha e os governos dispensam aos ilhéus.

Por tudo que aquela ilha representa, para a sociedade brasileira, em termos de riqueza produzida por mãos escravas durante todo o ciclo do café, o pleito dos remanescente de escravos daquela ilha  não deveria ser motivo de tanta animosidade da Marinha, nem da sociedade brasileira. Afinal, a dívida moral que a sociedade brasileira tem com aqueles remanescente, tem um valor muito maior do que o daquela faixa de terra por eles pleiteada.

Jair Martins de Miranda

Enviado para o grupo da Campanha Marambaia Livre!

 

Já fui lá na Marambaia e posso atestar que a poluição e a degradação ambiental que existem são devidas exclusivamente à Marinha. Os quilombolas vivem dispersos em aldeias (por eles chamadas praias), pois são principalmente pescadores. Só na vila da Marinha há concentração de residências e o esgoto é lançado diretamente no mar. A vegetação nativa é preservada onde moram os quilombolas, mas é devastada nas áreas de treino da Marinha, que quer no fundo tornar a ilha estância turística privativa.

Maurício Campos dos Santos

Publicado no Globo Online em 20 de maio.

 

Imagina aquela preciosidade ocupada por gente simples e preta? Gente que não tem lancha nem carrão? Gente que tem cara de caseiro e não de proprietário de mansão? Que horror, não? Beira de mar não é para aquela gente, ex-escrava, mal escolarizada … Não é isso? Diante destas inversões de valores e atentados ao direito maior que o privado, o histórico, só me resta ironia. Embora muitos concordem plenamente com as palavras acima.

Márcia Gonçalves,

Publicado no Globo Online em 20 de maio.

Os quilombolas da Marambaia são descendentes de uma fazenda de escravos na Ilha. A saída da Marinha não é uma exigência para a demarcação de seu território. A titulação é feita de forma coletiva em nome de uma associação, formada de titulação que evita a venda de terras, a desocupação desordenada e a especulação imobiliária, além de garantir aos moradores os direitos fundamentais que lhes estão sendo negados. Outras informações podem ser obtidas em www.koinonia.org.br/oq (Dossiê Marambaia).

André Luiz Videira de Figueiredo

Publicado no Globo Online em 20 de maio

  

Se a matéria em si é um absurdo de desinformação (ou melhor: de orientação mui claramente direcionada!), pior que ela só comentários do tipo eles (os negros) tiveram a Alforria e não voltaram para seu país de origem porque não quiseram. Seguindo com A África permanece lá e nada impede que voltem. Voltassem como, para começar? A nado? No mais, presumo que a leitora em questão se considere ariana pura… E chato é ver como o racismo continua a existir neste País!

Tania Pacheco

Publicado no Globo Online em 21 de maio.

Concordo plenamente com a Tania, juro que, inocentemente, não imaginava jamais ler isso. Mas se bem que depois da matéria publicada num dos maiores jornais do país totalmente comprometida e dizendo inverdades medonhas, com a finalidade de criminalizar um povo que luta pra ter suas terras, onde estão há mais de 200 anos, e nunca destruiram nada, tudo é possível. Sinto muitíssimo por saber que tanto o Globo quanto seus leitores possam ser tão precoceituosos, e lutem contra o povo brasileiro

Estefanea Rabelo Carvalho

Publicado no Globo Online em 21de maio.

Alôôô!!!
Ninguém quer que as forças armadas saiam de lá, a reportagem é que deu este tom. O porquê disto? Será que os gananciosos donos da imprensa e seus asseclas estão interessados? Por que sem a população quilombola por lá, o pessoal fica mais à vontade na praia, não é?!! Pois eu não tenho cacife para ir lá e acho que qualquer outro desta lista também não!!!

Henrique Marques Ribeiro da Silva

Publicado no Globo Online em 22 de maio

 

 

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