A Semana de Combate ao Racismo, Ódio e Intolerância Religiosa, realizada na última semana (16 a 22 de janeiro), mobilizou igrejas e terreiros em torno do tema na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.
No dia 16, o Ilê Axé Ibá Lugan e a Rede Religiosa de Matriz Africana do Subúrbio (RREMAS) abriram a rodada de eventos debatendo o papel do Estado na garantia da livre manifestação religiosa, com a participação de Iyá Jacira de Iansã e de Egbomi Silene Franco.
A Igreja do Rosário dos Pretos abordou a temática da intolerância religiosa com uma roda de conversa no dia 18. Por motivos de saúde, Iyá Márcia D’Ogun não pôde participar, sendo substituída pela coordenadora de ações com comuniddes negras tradicionais de KOINONIA, Ana Gualberto.
Ana falou sobre a importância da data, o marco histórico envolvendo o falecimento de Mãe Gilda de Ogum; como a intolerância religiosa atinge as religiões de matriz africana e a importância do diálogo inter-religioso no enfrentamento e superação da intolerância religiosa.
Da plateia, o Ogan Edmilson, do Terreiro do Bogum, trouxe reflexões sobre o papel do diálogo inter-religioso para o combate ao ódio.
“A importância do diálogo inter-religioso, para mim, decorre da concretização de construção de pontes para um grande encontro entre as pessoas, já que as do ódio e da intolerância criam um pretexto para separar os irmãos. Então, se seguirmos neste caminho em busca de um diálogo, no futuro, não teremos intolerância e sim entendimento, respeito, fraternidade e amor.”
No dia 20, o Ilê Axé Odé Ofá Aidan também promoveu um bate-papo, com foco no combate e na defesa em relação a crimes de intolerância religiosa.
A matriarca da casa, Iyá Vilma de Odé Akuerã, partilhou a sua experiência:
“Todos nós recebemos informações importantes sobre essa temática tão atual e marcante nesse momento de crise pandêmica onde todos estamos fragilizados física e psicologicamente pelo aumento gritante da intolerância sofrida pelas religiões de matriz africana em todo país. Nos sentimos acolhidos pelos informes e esclarecimentos detalhados sobre o tema e a forma simples mais firme que doutora Camila conduziu esse importante tema e com a participação de todos e todas e todes que se fizeram presentes e participativos.”
Estiveram presentes representantes do Ilê Axé Kolobó, Egbé Lecy Okuta Lewá, Ilê Asé Aunjin Tomin, além dos filhos da casa do Ilê Axé Ofá Aidan Orum.
No mesmo dia, KOINONIA promoveu uma roda de conversa virtual com lideranças da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.
Participaram Iyá Jaciara Ribeiro (Bahia), Babá Gil (São Paulo) e Iyá Juçara de Yemonjá (Rio de Janeiro), com mediação de Ana Gualberto e do diretor de KOINONIA, Rafael Soares.
Iyá Jaciara abriu o evento lembrando o acontecimento que deu origem ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, envolvendo sua mãe biológica Mãe Gilda de Ogum. A ialorixá sofreu sucessivas ameaças, agravadas por uma publicação no jornal da Igreja Universal do Reino de Deus – Iurd que trazia a manchete: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes — O mercado da enganação cresce no Brasil, mas o Procon está de olho”.
Profundamente abalada, Mãe Gilda sofreu um infarto fulminante no dia 21 de janeiro de 2000, e se tornou um ícone na luta pela liberdade e diversidade religiosa.
Para fechar a Semana com chave de ouro, KOINONIA, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), o Fórum Ecumênico ACT Brasil (Feact) e o Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs (Cebic) realizaram uma projeção em grandes muros de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Imagens que simbolizam a diversidade de religiões no Brasil impactaram quem assistiu presencialmente ou de maneira online.
Na Mídia
A Semana de Combate ao Racismo Ódio e Intolerância Religiosa também teve destaque na imprensa. Confira: