O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, na última quinta-feira (26), com movimentos negros da Bahia, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, Salvador. O objetivo do encontro foi acolher informações e reivindicações desses movimentos.
Em sua fala, a iyalorixá Jaciara Ribeiro lembrou a mãe Gilda de Ogum, fundadora do Ilê Axé Abassá de Ogum. Falecida em 2000, Mãe Gilda se tornou um símbolo contra a intolerância religiosa. Jaciara também recordou um importante fato dentro dessa luta: a sanção pelo ex-presidente da lei que estabeleceu o 21 de janeiro como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A iyalorixá ressaltou o quanto os terreiros de religiões de matriz africana e espaços quilombolas ficaram ainda mais expostos ao racismo no contexto da pandemia.
Ao final destacou a importância de se fortalecer as bases. “Uma fala religiosa também precisa pautar a política. Precisamos saber os acordos que são feitos, para depois a gente não terminar de forma diferente”. Seu discurso foi encerrado com um canto de Oxum.
A representante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e jovem liderança quilombola, Juliana Vaz, reverenciou a implantação de políticas públicas de cunho reparatório à população negra. Em depoimento emocionante, lembrou sua infância difícil, anterior às políticas de reparação, e comemorou: “Sabe o que essa menina é hoje? Secretária Municipal de Assistência Social [do município de Bom Jesus da Lapa, na Bahia].”
Representando a Rede de Mulheres Negras Nacional no Combate à Violência e a Rede de Mulheres Negras da Bahia (RMN-BA), Suely Santos, entregou uma carta ao ex-presidente. “Nós temos que abrir um diálogo com o movimento de mulheres negras no Brasil. (…) Não existe democracia se você não trouxer todas, todos e todes”, afirmou Suely.
Koinonia Presença Ecumênica e Serviço esteve presente, ao lado de diversas organizações das quais é parceira em defesa dos direitos dos povos de terreiro e das mulheres negras.