Um momento de fé e reflexão sobre a necessidade de transformar o luto em luta marcou a tarde da última sexta-feira (23) no centro de São Gonçalo (RJ).
“a.FÉ.to”, uma celebração inter-religiosa em homenagem às mães negras de meninas e meninos vítimas do genocídio da juventude negra, reuniu diversas lideranças.
Uma delas era Mãe Juçara de Iemanjá, Ialorixá do Ilê Asé do Ogun Já, uma das organizadoras do evento. “Chegou a hora das religiões orientarem seus fiéis para questões como o racismo que é uma ferida aberta em nossa História. Vem dele a Intolerância Religiosa contra as religiões de matriz africana e vem dele o extermínio da juventude negra nas periferias. A dura da polícia, o segurança seguindo no supermercado, está tudo conectado. E como o povo brasileiro é um povo de fé, ninguém melhor que o sacerdote, seja ele qual for, para orientar nossa população”, destacou.
O colaborador de KOINONIA, Pedro Rebelo, lembra que São Gonçalo não possui políticas efetivas de combate ao racismo e igualdade racial, apesar da maioria da população ser negra. “Esta celebração é um marco na cidade e um recado muito importante para que a juventude negra viva com qualidade e que ninguém seja perseguido em função da sua fé, principalmente as pessoas que desenvolvem sua fé em um terreiro, e não em uma igreja”, afirmou.
Idealizado pelo atual presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro e Promoção da Igualdade Racial e Étnica no Município de São Gonçalo (Comirsg), Luís Backer, o projeto teve a parceria de KOINONIA.