Por Pedro Rebelo/KOINONIA
No próximo mês será lançado o livro Nação Efon, Memória e Identidades que aborda a História de uma das últimas Nações do Candomblé a se estabelecer no Brasil. O livro é de autoria de Alexandre Mantovani de Lima, filho de santo de Mãe Maria de Xangô, Iyalorixá do Ilê Ogun Anaeji Igbele Ni Oman, popularmente conhecido como Aṣè Pantanal, por sua localização no Bairro Parque Pantanal no Município de Duque de Caxias no Estado do Rio de Janeiro.
Segundo Mãe Maria de Xangô, este livro é o registro escrito de um legado para esta e para as futuras gerações, além de uma oportunidade para que a História não se perca, como tem sido através da oralidade. É também em sua visão, um patrimônio para todo povo de terreiro, e não apenas para os de Nação Efon, afinal a conquista de um é a conquista de todos.
O livro tem lançamento previsto para o dia 22 de julho no Rio de Janeiro, no Município de Duque de Caxias, com local e hora a serem confirmados e dia 07 de agosto em São Paulo às 14 horas no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera. A pré-venda está disponível nas redes sociais do Àṣẹ Oloroke Pantanal
Sobre a Nação Efon
Por volta dos anos 1850, provavelmente em circunstâncias ilegais em razão da Lei Euzébio de Queiroz, desembarcaram em Salvador, na condição de escravizados, a Princesa yorubá Adebolu, das terras de Ekiti-Efon, acompanhada do Babalaô Babá Irufá. Seus nomes foram trocados para Maria Bernarda da Paixão e José Firmino dos Santos respectivamente.
Ambos trouxeram de África o seu Axé, de modo que a princesa Adebolú chegou ao Brasil inciada para Olorokê, Orixá primordial e Senhor das montanhas, e Babá Irufá iniciado para Oxum, a Rainha da Nação. Logo conheceram o terreiro da Casa Branca, onde cuidaram de sua ancestralidade até que nos idos de 1860 fundaram o primeiro terreiro da Nação Efon no Brasil, precisamente em Salvador no Engelho Velho de Brotas: o Asé Yangba Oloroke ti Efon, popularmente conhecido como Asé Olorokê.
Com o falecimento de Mãe Maria de Olorokê, assumiu a casa Mãe Matilde de Jagun. Após seu falecimento quem assume a casa é Cristóvão de Ogun. Falecido em 23 de setembro de 1985 aos 83 anos de idade, deixou o Asé Olorokê nas mãos de Mãe Crispina de Ogun. Após a morte de Mãe Crispina, a cadeira manteve-se vaga, não havendo mais continuidade do Aṣè.
Atualmente a referência e matriz da Nação é o Aṣè Pantanal, fundado em 1938 por Cristóvão do Ogun em Salvador e transferido para o Rio de Janeiro na década de 1950, cuja cadeira está ocupada por sua neta e herdeira Mãe Maria de Xangô.