Por Luciana Faustine
Na última quarta-feira, 30, um grupo de mulheres candomblecistas, que são candidatas à vereança em Salvador e Lauro de Freitas, se reuniu para debater os caminhos na política.
Tomando os devidos cuidados sanitários de combate à pandemia de coronavírus, o evento, que foi reservado a poucos convidados, aconteceu no terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum.
Com o objetivo de produzir um mandato antirracista, equânime e com valorização ancestral, elas assinaram uma carta de compromisso com a população, na qual ressaltam as prioridades da campanha.
Em suas redes sociais, Laina Crisóstomo, candidata a vereadora em Salvador, na candidatura coletiva Pretas por Salvador, ressaltou que as mulheres do candomblé refletem um papel para o fortalecimento do candomblé, por meio de diversas atuações, inclusive na atuação política.
Na mesma publicação Laina expressou que essa atuação possibilita “o potencial do patrimônio cultural, além da desconstrução do machismo e militarismo impostos pela estrutura da violência em suas diversas formas”.
Abaixo, leia a carta na íntegra, assinada pelas candidatas Érica Capinan, Jandira Mawsi, Laina Crisóstomo, Lindinalva de Paula, Mameto Laura, Márcia Ministra, Marleide Nogueira e Naira Gomes.
Carta Aberta:
Nós, mulheres negras de religião de matriz africana, nos reunimos para honrar nossa ancestralidade.
Disponibilizando-nos para ser o braço político do sagrado para contribuir na superação do racismo e na construção de uma sociedade com mais equidade, por meio de ação no legislativo.
Trazemos a voz da cidade negra das mulheres que é Salvador, e não recuaremos para consolidar o reconhecimento de nossa herança religiosa e cultural, como valor a ser afirmado em todos os espaços.
Dessa forma, nos comprometemos a:
– Não permitir que a pauta dos partidos políticos sejam maiores do que nossa ancestralidade e nossos valores afro-brasileiros;
– Manter o diálogo com nossas egbés/kwes/abassás, colocando os interesses de nosso povo como meu objetivo quanto sua representante;
– Lutar pela manutenção de nossos territórios sagrados e pela aplicabilidade de todas as políticas públicas, reafirmando a cidadania de nosso povo;
– Fazemos isso em nome de todas que virão, que estão aqui e por todas que nos antecederam.