A travessia de um pioneiro ecumênico – Elter Dias Maciel (1935 – 2019)
Por Zwinglio Dias
É com a tristeza que a saudade gera que partilhamos uma infausta notícia: faleceu no dia 18 deste mês na cidade de Goiânia, onde estava residindo, o Prof. Dr. Elter Dias Maciel, um dos sócios fundadores de KOINONIA. Sua partida significa que o movimento ecumênico nacional se vê privado da presença de um de seus mais relevantes líderes que, nas décadas de sessenta e setenta, teve papel significativo na consolidação e desenvolvimento da proposta ecumênica entre nós.
Sociólogo com formação teológica, Elter participou intensamente dos processos de formação, educação sociopolítica e ecumênica de diferentes grupos da sociedade civil. Acompanhou a formação do CEI (Centro Ecumênico de Informação) na década de sessenta e, posteriormente integrou-se ao CEDI (Centro Ecumênico de Documentação e Informação) na década seguinte. Profissionalmente, trabalhou como professor e pesquisador do IESAI (Instituto de Estudos Avançados em Educação) da Fundação Getúlio Vargas.
Filho de tradicional família presbiteriana do Triângulo Mineiro e inconformado com o predomínio do fundamentalismo teológico e o conservadorismo político que caracterizavam essa tradição protestante, dedicou-se ao estudo da natureza socioteológica que desde sempre marcou o protestantismo no Brasil. Sua tese doutoral na Universidade de São Paulo, em 1973, foi sobre o Pietismo no Brasil. Neste particular ele pode ser contado também como um dos pioneiros no desenvolvimento da Ciência da Religião em nosso país.
Sua postura crítica e sua radical honestidade política são elementos de sua personalidade que permanecem entre nós como exemplos a serem seguidos nesses tempos de carências éticas e triunfos das falsidades.
Para nosso consolo e encorajamento, encerrando esta nota de lamento e lembrança, deixo aqui as palavras sábias que Rubem Alves, seu grande amigo que nos deixou há cinco anos, escreveu sobre a morte:
“A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A “reverência pela vida” exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir.”