Segundo a delegacia de Monte Gordo, na região metropolitana de Salvador, que investiga o caso, algumas vítimas já prestaram queixa. Babalorixá denuncia intolerância religiosa.
O Terreiro Ilê Axé Ojisé Olodumare, localizado em Barra do Pojuca, na cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador, foi invadido na noite de sábado (12), e pai de santo da casa foi agredido com uma coronhada no rosto. Segundo a delegacia de Monte Gordo, que investiga o caso, algumas vítimas já prestaram queixa.
De acordo com o Babalorixá [pai de santo], Rychelmy Imbiriba, seis homens encapuzados, dois deles armados, entraram no barracão gritando durante uma celebração religiosa a Oxalá. Nesse momento, o Babalorixá tentou conversar com o grupo, mas acabou sendo agredido com uma coronhada. No momento, havia 150 pessoas no local.
“Teve todo um processo de xingamento, daí você percebe que não era só um assalto, mas um ódio da religiosidade, desse processo todo de axé, que a gente carrega. Foi um momento de terror, a gente não está preparado para uma situação dessa”, contou.
Ainda segundo Rychelmy, o grupo mandou que todas as pessoas deitassem no chão e entregassem os pertences, como celulares e chaves de carro. Algumas pessoas ficaram desesperadas e correram.
“Entraram aqui, seis homens armados, botaram as pessoas que estavam assistindo aqui, no candomblé, deitadas no chão, os ‘santos’ [pessoas incorporadas com entidades] que ficaram foram sacodidos pelos elementos. Foi um momento de muita dor e reflexão”, disse o Babalorixá.
O pai de santo contou que acredita que tenha sido um caso de intolerância religiosa, porque em todo o momento o grupo gritava palavras de ódio. “Vamos acabar com esse monte de macumbeiro”, relatou o Rychelmy.
“O que seria mais um dia de celebração a Oxalá, acabou se tornando um momento muito desgostoso para nossa comunidade. A gente foi vítima da violência, a gente foi vítima da intolerância religiosa”, relatou Rychelmy em postagem no Instagram.
O Babalorixá e um fotográfo ficaram feridos e foram levados para o Hospital de Monte Gordo, mas já foram liberados.
De acordo com Rychelmy, o terreiro existe há 15 anos, mas está em Barra de Pojuca há quatro anos e, até então, não teve nenhum registro de violência. O local fica aberto às quartas-feiras para atendimento e nos finais de semana, quando acontecem as celebrações religiosas.
“Nosso povo negro é um povo que vem sofrendo intolerância desde sempre. E a gente vê o nosso sagrado profanado, nosso sagrado sendo agredido, dói muito, mas nos fortalece”, disse o babalorixá.
A Polícia Civil investiga o caso.
FONTE: G1 em 13/01/2019