A estátua está instalada na principal rodovia do bairro Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, em frente a um templo de umbanda, o Ilê de Xangô.
A Polícia Civil investiga um ato contra uma imagem de 1,80 metro de Iemanjá, que foi violada com tinta vermelha e quebrada em vários pontos. Conhecida como a rainha dos mares, ela é um orixá cultuado por religiões afrobrasileiras. A estátua está instalada na principal rodovia do bairro Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, em frente a um templo de umbanda, o Ilê de Xangô.
Na quinta-feira (1°), os membros do terreiro se depararam com a imagem de Iemanjá vandalizada. A estátua foi pintada com um esmalte deixado como oferenda. O tradicional espelho de Iemanjá foi arrancado. O carro de um funcionário que faz a vigilância do templo, que estava ao lado da imagem, também teve os vidros quebrados.
“Foi uma pessoa que passou aqui, viu e nos avisou. Porque geralmente a gente chega e vai pro terreiro. Eu acredito que é um ato de vandalismo, gerado pela intolerância também”, disse a mãe de Santo, Diovana Belli Zaia.
O local onde fica a imagem é hoje ponto de visitação para turistas e moradores de outras religiões.
Desde 2013, uma lei municipal denomina o espaço público e de uso coletivo da comunidade como Recanto da Iemanjá. Duas placas marcam isso. Uma continua no local mas a outra, construída em azulejo, também foi quebrada.
Esta não foi a primeira vez que uma imagem religiosa foi alvo de vandalismo no Sul da Ilha. No final de agosto, uma estátua de Nossa Senhora da Lapa foi furtada da igreja da Freguesia, também no Ribeirão da Ilha. Cerca de dez dias depois, foi recuperada.
Na manhã desta sexta, o padre da igreja da Freguesia prestou solidariedade aos membros do terreiro. “A religião não é aquela que deve pregar o ódio, pregar a violência, mas pregar o amor, conviver, somos todos filhos de Deus, cada um tem sua fé, sua crença, o respeito é importante”, disse Antônio Teixeira.
Segundo o Fórum das Religiões de Matriz Africana da capital, existem cerca de 800 terreiros na região da Grande Florianópolis.
“O número de denúncias é enorme e nós no nosso coletivo estamos tentando mapear. Dar apoio às casas, mães de santo, terreiros e casas de santo, e a toda a comunidade de santo”, disse a membro do Fórum Aporele Zaia.
Profissionais do Instituto Geral de Perícias (IGP) estiveram no local na manhã desta sexta. A Polícia Civil está investigando o caso, para saber se houve crime de intolerância religiosa.
“É um crime do artigo 208 do Código Penal, onde foi vilipendiada uma estátua do culto religioso. Vilipendiar é destruir, atacar, é menosprezar, é tentar atingir o cerne da religião”, disse o delegado Verdi Furlanetto.
O representante da prefeitura do Sul da Ilha disse que esteve no local e que na segunda-feira vai fazer uma reunião com membros do terreiro.
FONTE: G1 em 02/11/2018